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Crónicas

O Mundo do avesso

O problema da imigração promete dividir a Europa e será o grande tema dos próximos anos

Esta semana o debate para as presidenciais dos Estados Unidos da América, entre Joe Biden e Donald Trump centrou atenções, um pouco por todo o Mundo. Acredito que a pergunta que veio à cabeça de grande parte das pessoas que assistiu foi a mesma que a minha. Como é que é possível que a maior potencia mundial apresente dois candidatos destes? De um lado um louco, mentiroso que transpira falsidade por todos os poros do corpo. Donald Trump é a imagem de uma América profunda, pouco culta, retrógrada e egocêntrica. Um homem carregado de histórias pouco abonatórias capaz de dizer os maiores disparates, pouco respeitador das mulheres e que olha para a geopolítica de uma forma perigosa e irresponsável. Do outro um boneco de cera, física e psicologicamente debilitado, senil, ligado ao establishment e aos interesses, alheado do que se passa à sua volta. Biden não tem as mínimas condições de cumprir um mandato de 4 anos à frente do condomínio do seu prédio, quanto mais de um país com a importância que tem os EUA. Um desastre absoluto que terá seguramente consequências para o resto do globo e que nos mostra de forma clara a época cinzenta que estamos a passar.

Quem diria há 20 anos atrás que íamos chegar a este ponto. Guerras brutais um pouco por toda a parte e a iminência de várias outras, mortos, feridos, desalojados, esfomeados, gente que perdeu tudo e que vive sob o manto do medo e do terror. Chamamos a isto evolução. Não há forma de parar esta carnificina porque os grandes lideres desapareceram e deram lugar a gente sem escrúpulos com agendas próprias e sem o mínimo de noção do que deveria ser o sentido de Estado, do equilíbrio moral e ético ou do bem comum. Estão-se a borrifar para os que acabam por sofrer as consequências, não denotam um pingo de humanismo, enfiados nos seus fatos Armani, cheios de seguranças e assistentes à sua volta, tomam decisões como quem joga à batalha naval. É incrível ao ponto a que isto chegou. Olharmos para os que supostamente nos representam e têm nas mãos a capacidade de decidir o nosso destino e não sentirmos nem um pouco de confiança em ninguém. Os bons há muito que se distanciaram da política, com receio da máquina trituradora que são as fake news e o escrutínio de uma sociedade polarizada, que se revolta e se insurge ao compasso de cartilhas e de campanhas de desinformação, com pouca capacidade para pensar pela própria cabeça e que julga na praça pública.

Não vai melhorar. O problema da imigração promete dividir a Europa e será o grande tema dos próximos anos. Por um lado precisamos de mão de obra, por outro não queremos que quem vem de fora, corroa a nossa cultura e desvirtue os nossos valores, com implicações graves na nossa segurança e modo de vida. Num extremo a cultura woke com as bandeiras da identidade de género, da descriminação positiva das minorias, o ataque claro à nossa história e aos nossos princípios, a ditadura do pensamento disfarçada de boas intenções que nos quer impingir à força aquilo que vai contra as leis da natureza. No outro os que acham que fazem parte de uma raça superior, que julgam tudo e todos pela mesma bitola, que pouco se importam com os que tiveram a infelicidade de nascer em países com poucas oportunidades e que usam o populismo para dividir e incendiar. Enquanto não percebermos que se não ajudarmos a pacificar e a dar condições para que os países do terceiro mundo possam crescer e evoluir, nunca conseguiremos travar o êxodo a que vamos assistindo e só estaremos a contribuir para uma mais do que previsível catástrofe e uma autentica batalha entre povos, religiões e culturas.

A Europa que acolhe de braços abertos, que se acha mais evoluída e tem espaço para todos acabou. O que aí vem é uma autêntica Guerra dos Mundos de consequências imprevisíveis. Perdemos completamente a capacidade de atrair gente com valores e princípios, que nos guie através do exemplo, para os mais altos cargos. Estamos entregues a autênticos chefes de claques e lideres de gangs onde quem berra mais alto e quem tem cadastro pior é que se safa. A culpa também é nossa por termos um Mundo virado do avesso.