E se a Europa precisar de nós?
Eis um novo chamamento aos cidadãos europeus para se pronunciarem através do voto sobre o destino do futuro da União Europeia. Assinado a 12 de Junho de 1985, o tratado de adesão à UE Portugal e que alguns portugueses beneficiaram ao longo destes quase 40 anos de ajudas financeiras em largos milhares de milhões de Euros. É caso para dizer que: muito daquilo que é hoje o patamar de desenvolvimento atingido no nosso país deve-se muito a essa situação. Mas será que ao fim destas 4 décadas podemos orgulhar-nos de tal desenvolvimento? Outrora um país (por exemplo) com um nível de construção naval dos mais desenvolvidos na décadas de 60 e 70, onde 25% do material utilizado representava produto nacional, e 60% do custo total das embarcações construídas nos nossos estaleiros da Lisnave onde laboravam aproximadamente cerca de 2 500 mil funcionários, ocupando uma área de 360 mil metros quadrados. Esta seria uma das muitas industrias que à época faziam de Portugal um país em expansão. A industria conserveira num país privilegiado dada a sua localização e biodiversidade marinha, ode atingiu a exportação de 90% da sua industria onde 400 fábricas que representava uma enorme fasquia da nossa economia.
A então designada da época de ouro da economia nacional entre os anos 50 e 74, quais os benefícios da adesão dum país com uma costa calculada num espaço geográfico de 5.754.848 Km2 e que as regiões autónomas asseguram a maior parte desse território. À hora de redigir este texto, prevê-se uma manifestação inédita dum grupo de pescadores e armadores da frota de pesca do atum reivindicando o aumento das suas quotas de pesca, que no seu cômputo geral é de 2.639 mil toneladas sendo que para as regiões autónomas de 2.243 mil toneladas, 85% do total. No último dia do passado mês de Maio foi atingido o limite máximo permitido pelo acordo UE e o encerramento da época da pesca do atum. Porque razão deixamos de ser donos daquilo que deveria ser nosso, ou será que quem negoceia não tem interesse em defender as nossas empresas, a nossa industria, os nossos armadores, pescadores, famílias e populações que dependem dessa atividade e do abundancia desse precioso alimento? Em caso para dizer que: o momento mais oportuno para reivindicar uma melhor negociação desta atividade na altura em que os cidadãos portugueses são chamados a darem o seu contributo quanto ao destino do futuro duma Europa que nesta perspetiva precisa de nós. Porque ainda sou do tempo que além de outras pequenas industrias na Madeira, existiam fábricas de conservas que dava trabalho e sustento a muitas famílias, será que um mau negócio com o poder europeu veio condicionar o nosso desenvolvimento industrial a sermos mais autónomos com uma imensidão de mar à nossa volta? Porque autonomia é isso, ser cada vez menos dependentes do exterior e neste momento a industria mais rentável na região (o turismo) tem um risco demasiado elevado para podermos abdicar de outras alternativas. Porque às vezes um pouco estupefactos duvidamos e quando um cidadão comum ouve noticiar que por exemplo: Portugal vai assinar um acordo bilateral com a Ucrânia por 10 anos no valor global de 126 milhões de euros para apoiar uma guerra! Qual a interpretação desse cidadão que na hora de votar por uma solução europeia, vamos pensar seriamente se queremos continuar a ser dependentes da UE ou se é verdadeiramente a Europa que precisa de nós.
A. J. Ferreira