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A palavra foi dada!

O escrutinável poder político da RAM e aquela (alegada) íntima proximidade ao poder económico (que aparentemente condiciona alguns políticos naquele fraternal trato, como “meu querido” e “chefe”), está encostado à parede na decorrência das “malditas” eleições do passado dia 26 de maio. Percebemos claramente, porque é que alguns setores da nossa comunidade, demonizaram a dissolução da Assembleia Legislativa Regional e as consequentes eleições antecipadas que se seguiram.

A magia dos 24 mandatos é agora uma megaempreitada, que, ao que parece, não há alvará suficientemente robusto para a edificar. Veremos, contudo, se será sempre assim, daqui a uns dias.

O resultado das eleições foi para mim surpreendente, pois, conservo sempre uma teimosa ingenuidade e, na verdade, jamais esperaria que o partido mais votado somasse ainda assim tanto voto.

Não vou discutir dogmas de fé (cega), nem aquela patológica veneração de sequestro ideológico de meio-século. A síndrome de Estocolmo ajuda a explicar o fenómeno de nós adorarmos pagar impostos altos e termos uma elite exígua no banquete orçamental. O exercício democrático por parte das pessoas, por muita propaganda e alegado “atentado contra o Estado de Direito por condicionar órgãos de comunicação social”, que haja, é sempre de salutar. Votar é o supremo ato democrático desde que todos partam em pé de igualdade.

Tenho para mim uma perceção de todo este enredo regional. Desde o dia 24 de janeiro, fui obrigado a ver o ex-Primeiro Ministro que se demitiu pelo próprio pé, como um estadista, na cândida semântica do vocábulo, e por decoro e respeito, não poderei qualificar publicamente, o que considero do ziguezagueante percurso do presidente do Governo Regional recentemente indigitado. Essa indigitação por parte do desassossegado Representante da República com base nas “garantias” a ele alegadamente transmitidas durante as audições aos partidos eleitos, é um mistério a que soma a pressão presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa, sobre os ombros do octogenário juiz da Ponta do Sol, ao afirmar que teríamos uma legislatura estável para quatro anos. Ou alguém mentiu na audição, ou o entusiasmo da pressa em fugir do pesadelo, forçou-o a uma interpretação muito extensiva, atirando o problema para a frente.

Tenho a convicção partilhada por muitos de nós, independentemente das simpatias políticas, que falta a Miguel Albuquerque a grandeza de assumir, que ele próprio consubstancia “o elefante na sala das porcelanas” e o principal bloqueio do impasse criado. A sua credibilidade está irremediavelmente ferida e há que haver alguma alma caridosa e próxima que o chame à razão.

A política madeirense sempre foi vista com algum exotismo lá fora, desde o rasto da boçalidade dos governos de Jardim e da “casa de loucos” - ALRAM, que lhes sustentava com maiorias hegemónicas e os números circenses lá ocorridos.

Podemos ser melhores do que isto.