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Agricultores franceses e espanhóis mantêm bloqueios de protesto na fronteira

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Foto EPA

Agricultores franceses e espanhóis continuavam ao final do dia a bloquear os dois principais pontos de passagem transfronteiriços ao longo dos Pirenéus para "influenciar" as eleições europeias desta semana e exigir, nomeadamente, energia mais barata.

Segundo o relato da agência France Presse, num cartaz pendurado na barreira de portagem de Biriatou, no País Basco francês, na autoestrada A63 Bordéus-Bilbau, lia-se "a resistência agrícola europeia começa aqui".

Já as cerca de 15 organizações independentes dos sindicatos que estão a liderar a mobilização no lado espanhol colocaram mesas e cadeiras de campismo à sombra da praça de portagem ou nas faixas de rodagem.

Na praça de portagem de Biriatou, Luis Francisco del Aqua, produtor de cereais da região de Valladolid, no norte de Espanha, estimou que o protesto dos agricultores e criadores de gado deverá prolongar-se "toda a noite, até amanhã (terça-feira)", depois de ter começado hoje de manhã.

"Vamos ficar até às 10:00 de amanhã (terça-feira)", acrescentou à AFP Eloi Huguet, criador de cabras da região de Girona (nordeste de Espanha), que participava no bloqueio da autoestrada A9 Montpellier-Barcelona, em Le Perthus, na fronteira franco-espanhola.

Um "bloqueio histórico que nunca aconteceu antes na Europa", caracterizou, por seu lado, Sébastien Barboteu, criador de gado no vale fronteiriço de Vallespir (Pirenéus Orientais) e porta-voz dos agricultores franceses mobilizados.

"Antes, 'chocávamos', mas agora estamos a unir forças, porque estamos a enfrentar os mesmos problemas", acrescentou o responsável, numa referência ao bloqueio da A9 e a sete outros pontos de passagem entre Espanha e França, ao longo dos Pirenéus, desde a Catalunha ao País Basco.

Entre os motivos para a mobilização está a exigência de energia mais barata e respeito pelas 'cláusulas-espelho', ou seja, imposição aos agricultores dos países fora da União Europeia das mesmas normas ambientais previstas nos 27.

Este foi um protesto que deixou de fora da organização os sindicatos agrícolas tradicionais, tendo um dos organizadores, Xabi Dallemane, criador de gado e de patos de Bidache, garantido ser uma iniciativa "pacífica" para "pressionar os futuros eurodeputados".

Em fevereiro e março, mais a sul, os agricultores espanhóis já tinham protestado, cortando estradas.

"Trata-se de exercer pressão antes das eleições europeias", resume Jean Henric, um viticultor de 30 anos que se encontrava no bloqueio da A9. "Temos a impressão de que as promessas foram feitas ao vento. Se nada mudar, voltaremos à ação no próximo outono", avisou.

Cerca de 370 milhões de eleitores são chamados a escolher os 720 deputados ao Parlamento Europeu, nas eleições que decorrem nos 27 Estados-membros da União Europeia entre 06 e 09 de junho.

Em Portugal, que elege 21 eurodeputados, o escrutínio está marcado para 09 de junho.