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Crónicas

Ódio de Alberto João ao novo PSD?

Será que não sente o mínimo remorso e responsabilidade no desgaste do ‘seu’ partido? Acha que foi leal à campanha de Albuquerque e do PSD?

A vitória do PSD e de Miguel Albuquerque é incontestável. Num cenário político difícil, único e provavelmente irrepetivel, o PSD Madeira mostrou ao país que faz parte do ‘adn’ dos madeirenses e porto-santenses. Mais do que de pessoas, líderes ou bases, o povo gosta do velho PPD/PSD. Por tudo o que é e fez pela Região e pelas suas gentes. Um partido com defeitos mas genuíno, sincero, transparente e popular. Um partido em que se gosta de estar e todos nele cabem. Não admira a sua dimensão.

Num ambiente frio: pela situação peculiar de Albuquerque perante a justiça; pelo incómodo político da rusga na Câmara do Funchal; pela frieza das relações com Montenegro; pela desfaçatez de Marcelo Rebelo de Sousa em provocar eleições sem justificação pública e com o acordo do Conselho de Estado; por um congresso do PSD com muita agressividade e dividido entre os que apoiavam Albuquerque e os que eram contra ele; por todo o exagero da intervenção política, hostil e implacável por parte dos ‘média’, como se fosse “proibido” reeleger Miguel Albuquerque; acrescendo a oposição descarada e desabrida de Alberto João Jardim contra o renovado PSD que se seguiu ao seu quase eterno mandato de 45 anos.

Albuquerque luta contra pesada herança recebida de trás, principalmente:

1) Uma LEI ELEITORAL, que Alberto João Jardim diz ter combinado com o líder regional do PS, Emanuel Jardim Fernandes, que retira a histórica maioria absoluta ao PSD e cria toda esta instabilidade que, em discurso, sempre rejeitou. Afinal agora afirma o seu sentido de justiça para com os partidos da oposição que sempre espezinhou. E só não os “matou” porque não conseguiu. Só que é mentira o que nos conta. A mudança da lei eleitoral foi-lhe imposta, pelo Presidente da República Jorge Sampaio, com quem diz ter jantado três vezes, e, como nunca aceita perder, finge ter concordado como forma de ser justo para com os pequenos partidos: “Primeiro a Madeira, depois o PSD”. Ridículo, principalmente vindo de si. Eu, e outros, até fomos proibidos de escrever no Diário como ainda tive de suspender programa regular na RTP com o eng. Arlindo Oliveira, militante socialista. “Para escrever tem o JM”, foi-me dito.

Mesmo num cenário desfavorável a força popular social democrata deixou, mais uma vez, a sua marca e ‘adn’ político. Com a antiga lei eleitoral o PSD tinha tido uma maioria absoluta de 26 deputados. Com os mesmos votos.

2) Uma DÍVIDA monstruosa, de impossível pagamento, que fez enriquecer muita gente mas tornou a Madeira pobre, endividada e dependente de Lisboa, por sinal donde nada vem. No final do século passado, a Madeira tinha já realizado quase tudo o que era sensatamente indispensável e não tinha dívida, graças à atitude de Guterres em pagar a divida pública dos Açores e da Madeira - exigência de Carlos César, recém eleito presidente do governo açoreano. Na primeira década deste século, numa despesa a raiar a loucura, sem obras relevantes, fez-nos atolar numa dívida de seis mil milhões de euros (€ 6.000.000.000) que se vai arrastar por gerações sem solução;

3) Um ANTERIOR LÍDER do PSD que o pretende derrubar, combater, denegrir e desvalorizar numa atitude sem igual nas sucessões partidárias em democracia. Para além de ter perdido sete câmaras para a oposição. Desde as eleições internas, passando pelas legislativas, Alberto João Jardim não tem parado de castigar publicamente Miguel Albuquerque, exigindo a sua demissão e saída de cena política. Parece a sua nova obsessão de vida. Bem fez Manuel António, na candidatura de 2014, ter sacudido a sua omnipresença. Em 2024 não se libertou e perdeu. A tal oposição negativa.

Jardim escreveu: “Só em oito meses, o PSD/Madeira perdeu 20% de votos! Bem me custa assistir a isto!”. Será que não sente o mínimo remorso e responsabilidade no desgaste do ‘seu’ partido? Acha que contribuiu e foi leal à campanha política de Albuquerque, legítimo líder do PSD/M? Exactamente o que exigia enquanto líder.

Escrever a História não é a exprimirmos como gostaríamos que ela tivesse sido, mas sermos rigorosos e exactos no que transmitimos, especialmente se tivermos sido protagonistas.

MARCELO: o derrotado

É o verdadeiro perdedor destas legislativas regionais, que provocou sem qualquer justificação pública, qual ditador improvisado.

O pior presidente da nossa democracia. Conseguiu colocar o país, e as duas Regiões Autónomas, com governos minoritários instáveis. É no seu tempo, e com sua responsabilidade, que nasce e cresce o CHEGA. Tanta patetice é pasto para fácil populismo extremista.

Será o primeiro presidente investigado pelo parlamento por suspeita de actos ilícitos. Quer vá lá responder ou fuja. A haver eleições, sempre que há suspeitas de actos ilegais, então devíamos tê-las, de imediato, para a Presidência da República. Não se safa da suspeita e iniciou um percurso de descrédito pessoal que todos os dias prejudica a sua imagem. E a nossa!

CDS: caricatura chantagista

Não acrescenta qualquer estabilidade política. Ao contrário. José Manuel Rodrigues tem os favores do seu amigo Ireneu Barreto, Representante da República, e o apoio de Alberto João Jardim, a quem deu prémio de cinco mil euros, e renega a eleição de companheiros de partido.

Um dia procurarei perceber porque se dá tanto a quem retribui com nada.

Medo que vá com o PS? Nem um elogio alguma vez fez ao governo regional PSD/CDS ou ao seu presidente. E o que dizer da agressividade eleitoral posta pelo CDS na campanha? É possível digerir tanta maledicência e tão grandes elefantes? Em nome do PSD? Com o meu voto não contaria. Não há disciplina partidária que suporte tanta infidelidade. Há limites. A política tem de ser um exercício nobre.

Desconheço os termos de qualquer acordo entre PSD e CDS. Que eu saiba a única exigência é o lugar de presidente da Assembleia. O resto é para nos fazer de tontos. Afinal, acabámos a coligação, dão-nos menos um deputado e o PSD aceita todo o programa eleitoral do CDS. Grande negociação!

Se tivermos que aceitar iguais exigências para termos os necessários 24 (faltam 3) deputados vai ser... cómico.

Verdade é que é um desprestígio para qualquer parlamento, incluindo o da Madeira, quando o voto dos deputados é condicionado por chantagem pessoal inadmissível. E isto recai sobre todos os deputados que aprovarem essa fraude política.

E lá ficou o histórico João Cunha e Silva preterido por um “sem votos”. Aliás o terceiro pendurado, depois de Tranquada Gomes e José Luís Nunes.

O CDS é um “sem-abrigo”, porque não tem sede e serve-se do gabinete da presidência da Assembleia, e um “sem votos” porque não os tem.

Seria caricatura democrática ter em Lisboa o CDS com o PSD no governo nacional e ambos em oposição na Madeira. Onde está a proporcionalidade? O ridículo da “aldeia”. Engana-me que eu gosto.

CHEGA: Lisboa passa a mandar

Chegou a maior ameaça à nossa Autonomia. Foi preciso este partido de direita para voltarmos a ser dirigidos, em directo pela televisão, a partir de Lisboa. O líder Ventura tudo dirige pois está mais interessado na sua liderança nacional que nas implicações que recaiam sobre a estabilidade política e de governo na Região Autónoma. O que não pode é haver incoerência entre Lisboa e Madeira. Que se lixe a Autonomia. Novo “colonialismo”?

PS e JPP a comédia eleitoral

O JPP desperdiçou num golpe, com o pior parceiro possível, o capital político ganho nestas eleições. Nunca ninguém teve uma derrota quase em simultâneo com uma clara vitória. Nem tiveram tempo de festejar. Não ficaram bem na foto. Ganância? Demasiadas falsas promessas? O abraço do urso? Como partido autónomo de Lisboa tem como principal desafio ser o segundo maior partido regional. Uma má companhia diz muito de nós!

Rui Barreto

Um registo especial pela sua categoria, como pessoa e político, num deserto de sumidades. Não foi suficientemente malandro!