A difícil arte de negociar
Após semanas de intensas negociações, avanços e recuos eis que chegamos à última paragem do curto, mas largo comboio da governação do XV Governo Regional.
A garantia da tríade CDS, PAN e IL poderá não ser suficiente para garantir a aprovação do Programa de Governo da RAM. Com o PS e aparentemente o JPP de fora da mesa de negociações, resta o Chega neste complexo xadrez como a última esperança para concluir quem faz o Cheque Mate.
Se bem que o partido de André Ventura mudou nos últimos anos, desaparecendo com os ataques à etnia cigana, às subvenções vitalícias dos políticos, à redução do número de deputados no Parlamento, esta última fazendo parte do seu programa Partidário, o que esperar deste Chega regional?
O populismo cresce nas suas intervenções à medida que politicamente existe uma brecha. É o que acontece com Albuquerque, que passou a ser a próxima vítima. O “Chavão” de acabar com a corrupção nunca fez tanto sentido para o Chega como agora.
A tentativa de captar mais e novos eleitores está ao rubro e a sua ideologia molda-se rapidamente às circunstâncias.
O Camaleão ideológico espreita e já provou não ser de confiança.
Não são raros os episódios de militantes e dirigentes do Chega vítimas da corrupção contrária ao puritanismo ideológico que defende. Vejamos o que aconteceu em Ovar, Vila Verde.
Chegada a hora da verdade e pegando nas palavras de André Ventura: é assim que o Chega “é o caminho para derrotar o socialismo”?
Para um líder que defende um ponto de equilíbrio com o mínimo de juízo em todas as negociações, o Chega está para esta batalha na Madeira como D. Sebastião esteve em Alcácer Quibir.
Negociar implica ceder e até ao momento nada consta no vocabulário do Chega quanto às reais intenções.
Aguentará o povo madeirense tamanha insensatez?
António Pedro de Jesus Nunes de Freitas