Ursula von der Leyen, a conservadora alemã chegada em 2019 que ficou na 'pole position' para liderar
Em 2019, Ursula von der Leyen emergiu quase do nada para dirigir a instituição mais poderosa da União Europeia, a Comissão Europeia, mantendo-se sempre na 'pole position' para ser reconduzida cinco anos depois, decisão hoje confirmada pelo Conselho Europeu.
A atual presidente do executivo comunitário foi hoje nomeada pelo Conselho Europeu para ser reconduzida para um segundo mandato de cinco anos, depois do Partido Popular Europeu (PPE) ter vencido as eleições europeias.
A conservadora alemã, de 65 anos, tem ainda de passar no crivo do Parlamento Europeu, onde precisa de uma maioria absoluta de 361 votos a favor para ser confirmada no cargo, tendo o PPE assegurado 188, segundo os últimos resultados das eleições.
Ainda necessita do apoio de outras forças políticas no hemiciclo europeu como os Socialistas e Democratas, que asseguraram o cargo de presidente do Conselho Europeu para o ex-primeiro-ministro português António Costa, e os liberais, que conseguiram a nomeação da primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, para alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, sendo por inerência vice-presidente do executivo comunitário.
Ursula von der Leyen foi sempre a grande favorita à sua própria sucessão.
Ao contrário do que sucedeu há cinco anos, quando foi escolhida pelo Conselho num processo negocial "à porta fechada" muito criticado por "contornar" o modelo de 'spitzenkandidaten' instituído em 2014, Ursula von der Leyen, de 65 anos, foi nas europeias deste mês o rosto oficial do PPE, tendo sido a eleita num congresso celebrado em março em Bucareste, no qual apresentou como grandes prioridades de um eventual segundo mandato "democracia, prosperidade e segurança".
Tendo apresentado como grandes bandeiras do primeiro mandato (2014-2019) a transição ecológica e digital da União Europeia (UE), com o famoso Pacto Verde à cabeça, Von der Leyen seria confrontada com duas crises sem precedentes: a pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia, ainda em curso.
Ao preparar esta recondução, a antiga ministra da Defesa alemã, a primeira mulher a ocupar tal cargo na Alemanha, traçou um objetivo geral: dar prioridade à proteção da Europa, quer em termos democráticos, quer de defesa.
Von der Leyen, que em 2019 tornou-se a primeira mulher nos comandos da Comissão Europeia, nasceu em 08 de outubro de 1958 em Bruxelas.
Aderiu à União Democrata-Cristã (CDU) em 1990 e envolveu-se na política ativa seis anos depois, na Baixa Saxónia, onde exerceu vários cargos locais e estaduais até ser eleita, em 2004, para o comité de liderança do partido.
A nível federal, o seu primeiro cargo foi, em 2005, de ministra dos Assuntos Sociais no primeiro governo de Ângela Merkel e quatro anos depois foi eleita deputada, mas foi reconduzida no cargo dos Assuntos Sociais.
Em 2010, foi eleita vice-presidente da CDU e foi vista durante muitos anos como a possível sucessora de Merkel.
A conservadora integrou o gabinete da chanceler pela primeira vez em 2005 como ministra dos Assuntos Sociais, tendo lutado pelo pagamento de licença parental aos pais que desejam usufruir desse direito.
Conseguiu também introduzir uma quota para mulheres nas administrações das empresas.
Em 2013 assumiu a pasta da Defesa.
Filha de um antigo funcionário europeu e depois primeiro-ministro da Baixa saxónia, é casada desde 1986 com Heiko von der Leyen, com quem tem sete filhos.
Licenciou-se em medicina em 1980, depois de ter desistido do curso de economia, e exerceu a especialidade de ginecologia.