Porque é que dia 28 é o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+
É celebrado amanhã o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, uma data que visa consciencializar a população sobre a importância do combate à LGBTQIA+fobia, com o principal objectivo de construir uma sociedade livre de preconceitos e igualitária. Mas porquê o dia 28 de Junho?
O Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ celebra-se, anualmente, a 28 de Junho porque foi nesse dia, há 55 anos, que iniciaram os motins de Stonewall. A data ficou marcada na história como o início da resistência desta comunidade.
Motins de Stonewall
Foi na madrugada de 28 de Junho de 1969 que a polícia invadiu o Stonewall Inn, um bar na rua Cristopher, em Nova Iorque, frequentado sobretudo por pessoas queer, na sua maioria homens gays, mas também lésbicas e pessoas trans. Foi, também, o dia em que a comunidade se uniu e decidiu ripostar.
Os polícias, à paisana, encetaram uma rusga ao espaço que era um dos mais populares bares entre a comunidade, considerado um espaço seguro. O alvo da operação eram locais frequentados por pessoas “doentes mentais”, a forma discriminatória como a Associação Americana de Psicanálise descrevia as pessoas queer. Lembrar que, até 1961, existiam leis que proibiam a homossexualidade em todos os estados norte-americanos.
Durante a rusga, quando várias pessoas foram levadas sob custódia, outras decidiram resistir. Um grupo que foi crescendo em tamanho, quando foi dada a conhecer a violência daquela madrugada. A resistência durou cinco dias, e começou como um protesto espontâneo contra o assédio policial e a discriminação contra pessoas da comunidade LGBTQIA+.
Precisamente um ano mais tarde, a 28 de Junho de 1970, partiu do local do bar uma manifestação que juntou milhares de pessoas numa caminhada de mais de 4 quilómetros até Central Park. Foi considerada a primeira marcha do orgulho LGBT do país e a impulsionadora de eventos do género que acontecem um pouco por todo o mundo, neste mês de Junho.
Orgulho LGBTQIA+
A definição de orgulho LGBTQIA+ parte do princípio de que nenhuma pessoa se deve envergonhar da sua orientação sexual e/ou identidade de género. Surge como resposta a um sistema que reprimia a não heteronormatividade, através da exclusão, agressão e violação de outros direitos humanos. A expressão ‘orgulho’ apela ao amor próprio, respeito e consideração. Transmite a ideia da dignidade intrínseca a todo e qualquer ser humano, independentemente da sua orientação sexual e identidade de género.
Discriminação em Portugal
O último relatório do Observatório da Discriminação contra pessoas LGBTI+ da ILGA Portugal – Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo, é referente ao período entre 2020-2022, espelhando os dados recolhidos entre estes anos no Observatório, uma plataforma disponível online que tem como objectivo receber denúncias de situações de discriminação e/ou violência em função da orientação sexual, identidade e expressão de género ou características sexuais, ocorridas em Portugal.
No período de 2020 a 2022, o Observatório recebeu um total de 469 denúncias, todas elas relacionadas com ocorrências resultantes de preconceito, discriminação e violência. As vítimas identificadas como homens cis representaram a maior parte dos casos denunciados, sendo que a orientação sexual com que as vítimas mais vezes se identificaram ou foram identificadas foi homossexual.
Relativamente a quem discrimina, “na maior porção das situações denunciadas a pessoas identificadas como autoras da discriminação ou violência são desconhecidas para a vítima ou para a testemunha”, lê-se no relatório, que dita, também, que o grupo etário referido com mais frequência entre quem discrimina situa-se entre os 45 e os 54 anos de idade. O insulto ou ameaça escrita continua a ser o mais frequente, com perto de 50% dos registos.
Na Madeira
Amanhã, 28 de Junho, Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, o Madeira Pride, organizado pelas associações Abraço, Opus Gay Madeira e UMAR Madeira, e o Município do Funchal, realizam uma conversa intitulada ‘50 anos de Liberdade Queer: sombra ou luz?’, que pretende abordar o percurso que tem sido feito em diversas áreas, nomeadamente, forças policiais, comunicação social, saúde mental e turismo, nestes 50 anos de democracia no que respeita aos direitos LGBTQIA+.
Francisco José Cardoso , 27 Junho 2024 - 07:44
Segue-se um momento de Speed Talks, em que as várias associações organizadoras promovem dinâmicas relacionadas aos seus trabalhos específicos. O evento decorre na sala da Assembleia da Câmara Municipal do Funchal, entre as 9h30 e as 12h30, e é de entrada livre.
Contactos
A Opus Gay Madeira é a delegação regional da Opus Diversidades, IPSS e ONG criada com o objectivo de ajudar as pessoas que se identificam como LGBTQIA+ na Madeira, nos diversos problemas que enfrentam. Tem sede na Rua Latino Coelho n.º 57, no Funchal, e pode ser contactada através do número de telefone 934 831 851, e o email [email protected].