Mais de 205 mil euros para 'lavar a cara' à baía de Câmara de Lobos
A baía de Câmara de Lobos foi alvo de uma intervenção generalizada por parte da APRAM-Administração dos Portos da Região Autónoma da Madeira, que abrangeu a reabilitação do cais e do passeio pedonal de acesso ao mesmo, a organização da área molhada adjacente ao cais e a disciplinação do varadouro.
“Um investimento ligeiramente superior a 205 mil euros, que veio valorizar ainda mais aquela área da cidade”, indica a entidade em comunicado de imprensa.
“A baía de Câmara Lobos tem uma envolvência que é muito apreciada por turistas e madeirenses, e a nossa preocupação foi essa: Valorizar aquela área, dotando-a de mais e melhores condições para os utilizadores, quer do cais, quer do varadouro, reforçando a sua atratividade em termos paisagísticos”, resumiu a presidente do conselho de administração da APRAM, Paula Cabaço, acrescentando que os trabalhos foram feitos em articulação com a autarquia local.
A responsável, citada na mesma nota, explicou que esta intervenção teve duas componentes: uma de fiscalização e disciplinação da área de terrapleno utilizada pelos proprietários das embarcações e outra de empreitada.
Em relação à primeira, surge depois da APRAM ter sinalizado a existência de 51 embarcações, colocadas sem autorização e justificação em zonas destinadas a estacionamento temporário.
“Trata-se uma ocupação abusiva, pois não existe autorização, e dado o estado de deterioração e abandono de algumas embarcações, dava não só uma imagem de degradação aquele espaço, e como ainda condicionava o espaço para os proprietários que realmente precisavam de fazer pequenas reparações e manutenções nas suas embarcações”, justificou Paula Cabaço, lembrando que o regulamento da utilização e ocupação do varadouro foi aprovado em 2018.
Neste seguimento, a APRAM notificou os proprietários que conseguiu identificar, estabelecendo um prazo para as embarcações serem retiradas, o que resultou na saída voluntária de cerca de 75 por cento das embarcações inicialmente sinalizadas. As restantes embarcações foram na sua maioria removidas pela autoridade portuária, em articulação com os seus proprietários e com o apoio do Município de Câmara de Lobos.
Em relação à empreitada, os trabalhos realizados pela APRAM incidiram no cais, que apresentava sinais naturais de degradação, por estar exposto à agitação marítima, e no passeio pedonal. A zona foi repavimentada e reabilitada, num trabalho que englobou a reparação das escadas de acesso ao mar, a colocação de novas guardas metálicas e reabilitação das existentes, e o conserto do murete de acesso ao cais.
Paula Cabaço realça que a intervenção foi aproveitada para “reorganizar a área molhada, a exemplo do que tem sido feito noutro cais da Região”. “Houve lugar à colocação de passadiços flutuantes, de uma ponte articulada, escadas, cabeços e pontos de iluminação, que vão melhorar as actividades das empresas marítimo-turísticas naquela baía”, adianta a responsável pela APRAM, sublinhando que “o resultado permite que tanto a actividade piscatória, como a turística, possam operar em simultâneo”.
“Aquela enseada é famosa pela atividade piscatória, e o que fizemos foi melhorar as condições para os pescadores, dando também espaço para as empresas de turismo operarem. Todos ficam a ganhar, principalmente a cidade de Câmara de Lobos”, insistiu.
Não obstante e, conforme já havia sido noticiado, não se trata de uma opinião consensual. Com vários locais a manifestar a sua indignação, nomeadamente aquando a retirada da embarcação ‘Sá Carneiro’, para muitos um “ícone” ou de um “símbolo” da comunidade piscatória de Câmara de Lobos.
Portos e Câmara mandaram retirar barcos abandonados da baía de Câmara de Lobos?
Ontem a embarcação ‘Sá Carneiro’ foi retirada da baía de Câmara de Lobos. Para muitos trata-se de um “ícone” ou de um “símbolo” pelo simples facto de ser mais conhecida por ser capa de revistas ou de páginas de jornais do que propriamente fazer parte da faina. O barco era paragem quase obrigatória quando tinha a secar num verdadeiro estendal vários exemplares de gata. Passadas algumas horas, a polémica está instalada em Câmara de Lobos ouvindo-se palavras de protesto, apontadas à Câmara e também à Administração dos Portos. Por isso, será que a culpa é do município? Existiu alguma promessa de retirar os barcos do varadouro, como Ricardo Teixeira denunciou?