O ónus da (in)governabilidade
Querem colocar o ónus da aprovação do Orçamento da Região Autónoma no PS
A Madeira está a viver uma crise e instabilidade política como nunca se tinha assistido. E essa instabilidade decorre da incapacidade do PSD-M, liderado por Miguel Albuquerque, de gerar acordos e consensos com os partidos que se disponibilizaram para criar condições de governabilidade, desde que o governo não fosse liderado pelo atual presidente do PSD-M.
Alguns desses partidos afirmaram, perentoriamente, não apoiar um governo liderado pelo PS. Mas dizem que não votam favoravelmente a moção de confiança, ou seja, o programa de governo apresentado pelo PSD-M.
Então, o PSD ganhou as eleições sem maioria. Outros partidos deram garantias de viabilização do governo, diante do Representante da República, a quem, por sua vez, Miguel Albuquerque assegurou ter condições para governar com apoio parlamentar em número suficiente de deputados.
O PS é o principal partido da oposição e alternativa a um governo do PSD. O seu presidente, Paulo Cafôfo, tem sido coerente e consistente na sua posição: não tem confiança no partido que governa a Madeira há 48 anos e, por isso, não pode votar favoravelmente o programa de governo apresentado pelo PSD-M.
E não está, apenas, em causa um programa de governo incluir mais ou menos medidas dos seus adversários políticos, mas mais importante é o modo como esse governo exerce a autoridade e gere a coisa pública. A verdade é que são muitos anos de domínio do mesmo partido político, a quem a Democracia servia e serve, unicamente, para legitimar o poder.
Além disso, se fosse prioridade para MA chegar a um entendimento plausível com os partidos, seria ele próprio a reunir com cada líder, ao mais alto nível, baixando a guarda, sem a habitual presunção. Mas não. Aproveita qualquer oportunidade oficial e mediática para diminuir e ofender o seu principal opositor, demonstrando falta de respeito democrático.
Mas, com tudo isto, querem colocar o ónus da aprovação do Orçamento da Região Autónoma no PS. Penso que se percebe a quem cabe essa responsabilidade.
Precisamos de estabilidade, mas também de transparência, de confiança e grande sentido democrático da parte de quem governa.
E, parabéns Calheta, pelos 522 anos de elevação a Vila, que se assinalam hoje, 24 de junho.