Humberto Varum destaca importância da Engenharia face aos fenómenos climáticos extremos
Humberto Varum, professor catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e presidente do Colégio Nacional de Engenharia Civil da Ordem, sublinhou a crescente frequência e intensidade dos eventos climáticos extremos, como tsunamis, fogos florestais, erosão costeira, sismos e inundações, que têm afectado severamente Portugal. "Nos últimos 40 anos, estes eventos custaram 142 mil vidas e 510 mil milhões de euros na Europa, com Portugal ocupando a quinta posição em perdas de vidas e o sétimo em custos económicos", apontou.
Neste contexto, Varum realçou a necessidade de intervenções técnicas para reforçar a resiliência dos edifícios, especialmente os mais antigos, e a importância de uma estratégia de planeamento urbano que evite construções em áreas de elevado risco sísmico. "É crucial avaliar e implementar soluções de segurança nas obras de reabilitação, pois a maioria dos edifícios portugueses não está preparada para resistir a sismos de grande magnitude", afirmou o especialista, que também participou em missões internacionais de reconhecimento pós-sismo.
Simplex Urbanístico promete Modernizar o sector Até 2030
Bento Aires, presidente da Ordem dos Engenheiros Região Norte e docente, apresentou nas Jornadas de Engenharia Civil na RAM o 'Simplex Urbanístico'. Um plano ambicioso para simplificar os procedimentos administrativos no urbanismo e ordenamento do território até 2030. Entre as medidas previstas, destacam-se: a entrada em vigor do Código da Construção e a implementação obrigatória do Sistema Informático para a Emissão de Pareceres e de projectos de arquitectura segundo a metodologia BIM.
Aires defendeu a necessidade de uniformização de procedimentos nas Câmaras Municipais" e a criação de um seguro de responsabilidade civil para os técnicos, "como resposta às crescentes exigências da profissão". Sublinhou ainda a importância de engenheiros qualificados acompanharem todas as obras, independentemente da sua dimensão e a reintrodução da ficha técnica da habitação como direito do consumidor.
Escassez de Engenheiros Civis na Região é preocupação crescente
Já Paulo Lobo, docente da Universidade da Madeira (UMa) e presidente do Observatório de Emprego e Formação Profissional, alertou para a falta de engenheiros civis na Madeira, "uma situação que poderá agravar-se no futuro". Segundo Lobo, a engenharia civil não é a primeira escolha dos estudantes do ensino secundário, resultando numa "redução significativa" de novos alunos no curso, comparativamente aos números de 2008.
Para reverter esta tendência, Lobo apontou a necessidade de "melhor comunicação e divulgação da profissão, modernização dos cursos, e condições de trabalho e salários mais competitivos". Destacou também outros desafios como: "a imigração, baixa produtividade e alta carga fiscal, que contribuem para os baixos salários no sector". "Modernizar o sector e aumentar o valor acrescentado é essencial para remunerar melhor os profissionais", concluiu.
A primeira edição das Jornadas de Engenharia Civil decorreu este sábado, em Câmara de Lobos, numa organização da Ordem dos Engenheiros Região Madeira.