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Jovem luso-britânico candidato independente às eleições legislativas

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Foto Lusa

Quando as eleições legislativas no Reino Unido foram anunciadas, Pedro da Conceição, nascido em Lisboa há 18 anos e recentemente naturalizado britânico, decidiu concorrer enquanto candidato independente no subúrbio de Londres onde cresceu.  

"Procurei no Google o que é que precisaria para ser candidato e pensei, porque não tentar?", contou à agência Lusa numa entrevista em Ealing, a oeste de Londres. 

Após confirmar que cumpria os requisitos, o jovem aproveitou um intervalo nos exames de final do ensino secundário para fazer uma página na Internet e recolher as 10 assinaturas necessárias. 

Para concorrer também é preciso pagar um depósito de 500 libras (590 euros), que só é devolvido se o candidato obtiver 5% dos votos da circunscrição. 

Conceição disse que a mãe "fartou-se de rir", mas mas deu-lhe apoio, desde que a campanha não interferisse com os exames, que são essenciais para entrar na universidade. 

Com avós originários de Moçambique e da Guiné-Bissau, Pedro da Conceição mudou-se para o Reino Unido com poucos meses de vida, juntamente com a mãe. 

Apesar de os pais, ambos portugueses, estarem separados, o pai já se encontrava na capital britânica a trabalhar. 

"Tenho estas duas culturas completamente diferentes, mas que são muito, muito importantes na minha vida", disse à Lusa. 

Possivelmente o mais jovem dos candidatos a estas eleições legislativas, Conceição assume uma orientação política de centro esquerda, defendendo a necessidade de serviços públicos, mas também reconhece alguma o valor de um "elemento de capitalismo". 

"Penso que precisamos de manter a humanidade e os valores humanos no centro [da política] e sinto que um dos problemas é que as pessoas perderem o contacto com a humanidade. Sinto que essa parte de ajudar socialmente precisa de estar presente", afirmou à Lusa. 

Interessado pela política desde novo, apesar de os pais não serem ativistas, aos 16 anos, Pedro da Conceição aderiu ao Partido Trabalhista, mas depois afastou-se e interessou-se pelos Liberais Democratas. 

"Sinto que não existe nenhuma opção de centro-esquerda, um meio-termo justo que englobe valores de compaixão bem como fortes princípios económicos, e foi por isso que decidi candidatar-me", explicou. 

Segundo o luso-britânico, "um candidato independente pode dar a melhor representação possível da comunidade, pois não está vinculado a nenhuma política partidária".

Conceição quer "reunir-se com os eleitores, recolher ideias da comunidade, saber o que quer que as pessoas realmente pensem, e depois apresentá-las ao parlamento". 

"É assim que teremos uma boa democracia. É assim que conseguiremos que a voz de toda a gente seja ouvida", argumenta, lamentando que a juventude não esteja bem representada no parlamento.

Pedro da Conceição é candidato pela circunscrição de Ealing Southall, onde o partido Trabalhista ganhou em 2019 com 60,8% dos votos. 

O jovem acredita que o conflito na Faixa de Gaza e a hesitação em defender um cessar fogo e defender os palestinianos vai penalizar o partido Trabalhista numa zona com muitos eleitores de origem estrangeira, sobretudo indiana.

"O meu objetivo é fazer uma mossa no voto trabalhista e uma mossa no nosso atual sistema democrático. Precisemos de avaliar o nosso sistema de 'first past the post' [maioria simples] e  pensar talvez noutro sistema político", sugeriu.