Do que tem medo Miguel Albuquerque?
Temos assistido nos últimos tempos a vários capítulos de uma novela politica na Região Autónoma da Madeira que mostra a grande degradação a que chegou o Governo Regional e os partidos que o apoiam: PPD e CDS, principalmente desde que Miguel Albuquerque foi considerado arguido. Comecemos por aqui. No dia que o Presidente do Governo foi considerado arguido pelo Ministério Público, ouvimos as suas palavras a dizer que ainda bem que assim era porque poderia consultar o processo e ficar a saber do que era acusado. Daqui deduz-se que Miguel Albuquerque já consultou o processo e portanto sabe do que é acusado, entrando em pânico logo de seguida. Agarrou-se ao poder com unhas e dentes para não perder a imunidade por ser membro do Conselho de Estado. Conclui-se que a acusação deve ser muito grave e tudo tem feito, mais do que uma lapa, para não responder perante os tribunais.
O resultado das eleições regionais foi negativo para o PPD, até porque a lista contrária à de Miguel Albuquerque à liderança do PPD, mandou, nas vésperas das eleições, mensagens aos seus apoiantes para votarem no JPP. Isto fez com que o partido do poder perdesse um deputado e o seu apêndice CDS, também, por outras razões, perdesse, um deputado, ficando essa “coligação” com apenas vinte e um deputados. Este facto deveria levar Miguel Albuquerque a perder a sua arrogância, mas não, disse publicamente que teria maioria e também ao Representante da República. Não sei quem mentiu se Miguel Albuquerque ou o Chega, pois este partido foi altamente pressionado pelo PPD e era voz corrente na nossa cidade de que haveria mesmo chantagem. A apresentação do Programa de Governo correu muito mal ao partido do poder e sua bengalinha, o CDS e mesmo assim continuou arrogante, atirando em todas as direções, pondo a responsabilidade de tudo em cima dos partidos da oposição, quando é ele o principal responsável porque recusou a aprovação do Orçamento na Assembleia Regional. Por outro lado foi influenciando instituições como a ACIF, a própria Igreja, através do seu Bispo, que melhor seria estar calado, a Casa de Saúde de São João de Deus, a Casa de Saúde Câmara Pestana, chegando cúmulo de fazer um Baixo Assinado para que a construção do Centro e Saúde do Porto Santo não parasse. Tentou passar a imagem de que a Madeira iria para o “fundo” pela falta de Orçamento, quando tinha o exemplo a Câmara Municipal do Funchal que passara dois anos com o Orçamento em duodécimos!!!! Mais uma vez utilizou-se a mentira.
Está marcada uma reunião com os partidos da Oposição para a próxima segunda feira, para uma tentativa, desesperada, de os comprar com a inclusão de alguns “rebuçados”. Pensamos que será mais tempo perdido até porque o problema é mais o próprio Miguel Albuquerque do que o Programa de Governo. Todos os partidos não coligados disseram que com o atual Presidente do Governo não haveria aprovação do respetivo Programa, mas este já anunciou que não apresenta outro candidato, porque tem medo de perder a imunidade e acabar por ser acusado dos crimes que o levaram a ser arguido com as respetivas consequências.
O CDS que passou mais de quarenta anos a lutar contra o PPD deixou passar três oportunidades de fazer história, ajudando a derrubar o atual poder, seu habitual adversário, quando recusou a coligação com o PS, mantendo do mesmo modo os “tachos” de que é atual detentor.
Ao Representante da República cabe três hipóteses: Convidar o PPD (oficialmente) a apresentar outro candidato; Convidar o 2º partido mais votado a apresentar uma solução estável e, finalmente convocar eleições para daqui a seis meses. Se quiser, também, fazer história, optará pela segunda hipótese. Se esta segunda hipótese vencer, José Manuel Rodrigues, poderá perder o lugar de Presidente da Assembleia e os seus militantes, que continuam no Governo, perderão, certamente, os seus “tachos” e pela primeira vez teremos uma mulher a presidir á Assembleia Regional.