Na alma do Europeu
O “Europeu” é um lugar de união, de valorização, de esperança. A alegria partilhada transcende o palco e os seus atores
O campeonato europeu de futebol é para todos uma festa e para os portugueses uma festa especial. A identidade com a equipa e o orgulho de ser português transcende o interesse pela modalidade e coloca o futebol numa dimensão superior de união e alegria. Não tenho dúvidas que vivemos num país com muitas dificuldades e privações. Ser feliz é um estado de alma que exige, a um número significativo de portugueses, um esforço de superação. As rotinas de vida, a satisfação profissional, a gestão do tempo e financeira, a educação dos filhos, os atuais problemas de habitação e saúde, colocam Portugal num lugar de angústia e preocupação. As políticas também não ajudam a promover a confiança e a crença na mudança e na evolução. De geração em geração ter paciência e “esperar melhores dias”, tem sido a palavra de ordem. A verdade é que o desporto português, nas diferentes modalidades, tem demonstrado a qualidade e o empenho dos nossos desportistas.
Não é só no desporto que os jovens portugueses se destacam. Na música, no cinema, no teatro, na dança, na literatura, na pintura, nas ciências, na tecnologia, na gestão e em tantas outras áreas, Portugal tem, nas atuais gerações, dentro e fora do país, exemplos de determinação e resiliência.
Por isto, estes dias por toda a Europa, os portugueses, de todas as gerações, unem-se no orgulho do país a que pertencem carregando uma alegria que tantas vezes sobrevive numa realidade dormente.
O “Europeu” é um lugar de união, de valorização, de esperança. A alegria partilhada transcende o palco e os seus atores e torna Portugal mais bonito. A beleza dos sorrisos, do convívio, dos abraços, das bandeiras, dos cachecóis, das lágrimas, das gargalhadas. Na partilha é difícil alguém se sentir sozinho, e este é o sentido que mais interessa realçar.
Qualquer evento que permita espalhar alegria, e pelo contágio da paixão, ligue pessoas, gerações e países, carrega o valor de desviar o foco das guerras absurdas, egocêntricas e solitárias que nos obrigam a participar.
Viver o “Europeu” não resolve o que a política mundial não sabe ou não quer resolver, mas permite perceber e transmitir a mensagem de que a essência da humanidade não é a destruição.