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Eleições Europeias Madeira

Direita está a transformar-se num exército de guerra contra as mulheres, diz Catarina Martins

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A candidata do BE às eleições europeias considerou hoje que a direita está a transformar-se num "exército de guerra contra as mulheres" e a coordenadora bloquista acusou a Aliança Democrática de se aliar a "hordas de perseguidores antiaborto".

"Sabemos de ciência certa que por cada vitória as mulheres serão mais atacadas e atacadas mais ferozmente. A bandeira da direita dos dias de hoje é esse ataque: sentem que a igualdade ameaça privilégios e responde à violência. A direita está a transformar-se num exército de guerra contra as mulheres", acusou Catarina Martins, num comício do partido, na Quinta das Conchas, em Lisboa. 

A candidata ao Parlamento Europeu defendeu que "os aliados de André Ventura [presidente do partido Chega], seja Milei, seja Trump, seja Meloni, seja Órban, tomam os direitos das mulheres como alvo" e que "os aliados de Montenegro querem aproximar-se dos aliados de Ventura, afirmando que se normalizaram e são democratas".

"Mas nós sabemos que quem quer espezinhar os direitos das mulheres não é democrata, é simplesmente alguém que despreza a humanidade", criticou.

A bloquista lembrou que PSD e CDS-PP, mesmo depois do referendo à Interrupção Voluntária da Gravidez, "votaram contra a lei que descriminalizava o aborto".

"Lembro-vos que, há dois meses, um dos dirigentes da coligação explicou que voltariam a fazer o mesmo truque, e lembro-vos que é só porque o PPM está escondido no sótão que não o temos a repetir a cena do macho ibérico", atirou, numa referência à coligação Aliança Democrática (que junta PSD, CDS-PP e PPM).

Na mesma linha, a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, acusou a Aliança Democrática de alianças com "hordas de perseguidores antiaborto" a nível europeu.

"Vejam o que é agora a direita: hordas de perseguidores antiaborto estão autorizados a entrar nos centros italianos em que mulheres vão abortar porque assim decidiram, mas isso é alguma linha vermelha para o partido europeu de Von der Leyen, Sebastião Bugalho e Luís Montenegro? Não, esses perseguidores de mulheres são bons aliados e vão escolher juntos quem lidera a Comissão Europeia, ou seja, os cargos estão acima das convicções, se ainda restar alguma convicção à direita portuguesa", acusou Mariana Mortágua.

PSD e CDS-PP integram a família europeia do Partido Popular Europeu (PPE) e apoiam a recandidatura de Ursula von der Leyen ao cargo de presidente da Comissão Europeia, que pode vir a precisar do apoio da extrema-direita para ser reeleita.

A dirigente alemã já manifestou uma aparente abertura para cooperar com o grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus (ERC), conotado com a direita radical e liderado pela primeira-ministra italiana Giorgia Meloni.

"Quem acreditava na linha vermelha perante o neofascismo bem pode ver que o único vermelho é o da passadeira que von der Leyen estendeu à chefe da extrema-direita italiana", criticou Mortágua.

Com a cabeça de lista, Catarina Martins, e bloquistas como Francisco Louçã ou Luís Fazenda, a ouvi-la na plateia, Mortágua defendeu que "desprezar as mulheres é a forma de ser da extrema-direita".

"A cada dia fica mais claro que a direita mais tradicional e os mais tradicionais da direita, os liberais, são uma rampa deslizante contra a democracia, são a mão dada com a extrema-direita e só triunfarão se criarem o medo", acusou.