"Andámos aqui a perder tempo"
Mónica Freitas expressou em palavras o que muitos pensam por esta altura: os deputados com assento na Assembleia Legislativa da Madeira estiveram a perder tempo enquanto discutiam um programa. Na hora de reagir à retirada da proposta, a deputada do Pessoas - Animais - Natureza (PAN) não poderia ser mais clarividente no seu profundo desagrado.
"Andámos aqui a perder tempo. Estivemos aqui dois dias inteiros em que sabiam à partida que não iria passar. Porque é que se insistiu em trazer este programa e não se pensou logo desde início que era preciso sentar e dialogar? Não é hoje, em vésperas da votação, que se tenta sentar e dialogar com os partidos e tentar chegar a concessos em cima da hora", atirou a parlamentar.
Ainda assim, a deputada que viu contempladas 86 medidas do seu partido neste programa e que iria se abster na votação também lamentou a postura de outros partidos. "O JPP recusa-se a negociar, portanto, à partida já tinha bloqueado um programa supostamente depois do ler e de o verificar mas também é preciso ter coragem na política para sermos responsáveis e é preciso ter coragem para sermos ponderados e é preciso ter coragem para às vezes, mesmo contra alguma da opinião pública, pensarmos no bem geral de toda a população e não só no nosso eleitorado e não só nos nossos interesses partidários e, portanto, há partidos que se assumem como corajosos mas na hora da verdade não vejo onde é que está essa coragem."
Interessa saber que estivemos dois dias a discutir um programa de governo que o PAN analisou exaustivamente e que fez esse trabalho e que teve o cuidado em todas as suas intervenções de colocar as questões que tinham que ser colocadas e a verdade seja dita: nós desde o primeiro dia dissemos que sempre estivemos disponíveis para discutir um programa de governo e um orçamento em prol dos madeirenses e dos porto-santenses e essa nossa postura mantém-se. Pelos vistos não é a postura da maioria dos partidos. Mónica Freitas
Mónica Freitas que deixou, ainda, um apelo ao diálogo. "O PSD se não teve oportunidade de falar e dialogar com os partidos - e devia ter feito - que o faça agora de forma séria e responsável. Que se sente e que tente perceber porque é que mesmo colocando as medidas não há uma maioria para aprovar o programa a ver se conseguimos aqui chegar a algum consenso. porque da mesma forma que sim. é verdade, que foi apresentado uma alternativa pelo JPP e o PS, mas foi uma alternativa que também não teve estabilidade nem teve maioria, portanto, não vale a pena estarmos sempre a batalhar numa solução que nem sequer passou de um primeiro momento em que quatro horas depois esse mesmo acordo de princípios já tinha sido retirado."
"É importante também ressalvar que o próprio JPP e o PS não tiveram abertura para falar com outros partidos políticos, portanto, o diálogo falha em diversos partidos e não só no PSD. Aquilo que os madeirenses e porto-santenses precisam de começar a exigir aos partidos é que haja maturidade e capacidade de diálogo", concretizou.