PS e JPP mostram "maior relutância" em negociar com Albuquerque
Chega pode ser o único caminho viável para aprovar a proposta do Programa do Governo, que entretanto foi retirada.
Logo depois de confirmar a retirada da proposta do Programa do Governo - quando ainda estava em discussão na Assembleia Legislativa da Madeira - Miguel Albuquerque assumiu que a "maior relutância" em negociar possíveis alterações no documento parte, sobretudo, do Partido Socialista (PS) e Juntos Pelo Povo (JPP).
Em conferência de imprensa, na Quinta Vigia, o presidente do Governo Regional criticou, inclusive, a postura dos socialistas a partir do momento em que foram conhecidos os resultados eleitorais de 26 de Maio. "O PS, com uma derrota expressiva como teve nas últimas eleições, sonhou de repente em governar a Madeira. Isso não é possível. Quem perde as eleições não governa", afirmou Miguel Albuquerque, que recusa em apresentar a demissão.
Isso não tem nenhum sentido. Eu fui eleito e isto não tem nada a ver com arrogância. Tem a ver com uma constatação. Eu submeti-me, como líder do meu partido, a candidato a presidente do Governo. Fui sufragado nas urnas e o parlamento é o reflexo dessa vontade e o que é que essa vontade manifestou? Maioritariamente, essa vontade foi de reconhecer e sufragar o PSD e a minha pessoa como chefe do Governo. Miguel Albuquerque
Albuquerque retira Programa do Governo de votação
Documento volta a ser apresentado dentro de 30 dias
A atender pelas palavras de Miguel Albuquerque, o único caminho viável poderá ser estabelecido com o Chega. "Vamos ver. Neste momento, temos toda a serenidade, temos toda a disponibilidade, temos todo o ânimo para continuarmos numa nova ronda negocial e penso que o bom senso vai prevalecer."
O processo negocial está, por isso, em curso e, tanto o PSD, como o Governo Regional mantêm em aberto uma nova ronda negocial com os partidos, sobretudo aqueles que "não se recusam" a negociar para viabilizar o Programa.
Não há nenhuma razão para termos uma situação de impasse, até porque o conjunto de alterações que deviam ser feitas eram no quadro da discussão do Orçamento e não no Programa do Governo, mas nós tivemos toda a disponibilidade - e temos e mantemos essa disponibilidade - para enquadrar nesse Programa propostas dos partidos da oposição. Miguel Albuquerque
Miguel Albuquerque que considerou ser possível entregar, discutir e aprovar o Orçamento Regional ainda antes do dia 31 de Julho, mesmo com a retirada da proposta do Programa de Governo. "Pode e temos condições para o fazer. E é mais um apelo que eu faço no sentido de apelar à responsabilidade dos líderes do partidos, às senhoras e senhores deputados, por quem tenho a maior consideração e respeito, mas neste momento nós estamos aqui perante um imperativo de interesse público. De interesse da Madeira, porque dizer que um Orçamento em duodécimos é igual a termos um Orçamento aprovado não é. É uma realidade completamente diferente. É uma realidade que vem bloquear, criar impasses e injustiças sociais que não são admissíveis."
A nova proposta será apresentada "nos próximos dias". O executivo madeirense - que não está ainda em plenitude de funções, dependendo, precisamente, da aprovação do seu programa - tem agora 30 dias para entregar o documento na Assembleia Legislativa da Madeira, mas "quase de certeza que acontecerá antes".