Um orçamento na panela de pressão!
Depois da queda do Governo Regional em circunstância que ainda por esclarecer, mas que a causa tem muito a ver com a suposta corrupção de alguns dos seus membros. As repercussões após o ato eleitoral para a constituição duma nova Assembleia Regional e consequente formação dum governo deixou a política da região em banho Maria, mas cozinhado numa autêntica panela de pressão pelos ingredientes colocados na mesma e a fórmula utilizada para a composição da Assembleia Regional, a apresentação dum (novo) governo e consequente aprovação do orçamento da região e a sua viabilização. As estratégias utilizadas pelas diferentes frações políticas é vê-las a se chantagearem umas às outras e a pressionar com todos os argumentos para que a culpa seja imputada a todos menos aos verdadeiros culpados. Afinal! quais as razões e quem os culpados da política de predominante domínio de quase meio século de hegemonia PSD levaram a que tudo isto acontecesse? Entre o cozinhar e o fracasso duma solução PS/JPP ou um governo de minoria com um entendimento pós-eleitoral com os antigos parceiros do CDS por parte dos eternos “governantes” sempre com a restante oposição ora a se manifestar contra, ora por vezes acenando por detrás da cortina com uma solução para viabilizar aquilo que a maioria dos madeirenses não querem pois foi claro o seu manifesto contra a anterior solução. Num universo de 254.522 mil eleitores inscritos, o partido mais votado PSD obteve 49.103 votos elegendo 19 dos 47 deputados, os restantes partidos todos juntos obtiveram 75.877 votos elegendo os restantes 28 deputados e 118.632 dos restantes eleitores não compareceram às urnas e 2.791 votaram branco ou nulos. Ou seja, que: 197.200 mil eleitores não querem continuar a ser governados pelo PSD. Mas como as regras deste modelo de democracia anula toda e qualquer manifestação de descontentamento contra de abstenção como forma de manifesto, ainda assim maioritariamente dos votantes 78.768 rejeitaram o partido mais votado. Dadas as circunstâncias e tomando em conta a vontade dos madeirenses, será que tem legitimidade um governo que além dos motivos que fizeram chamar de novo os eleitores a se manifestar em oito meses, até utilizar a ingerência dos clubes de futebol para forçar a aprovação do que deveria ser do interesse dos madeirenses nos seus assuntos mais prioritários, será que é o futebol (nada contra o mesmo) mas acho que existem muitas mais e situações que levam a que a resolução tenha a consciência da razão, da causas e das consequências que virão se tudo correr mal. Afinal tem corrido tanta coisa mal ao longo dos tempos e em todos estes anos que se pusermos um fim para reiniciar tudo de novo, será que valerá a pena correr esse risco? Se destapar a tampa da panela e se vier a descobrir tudo o que de errado foi feito até aqui, poderá que possamos curar o mal com um simples caldo de galinha caseira, com pouco sal para não alimentar (vírus)/vícios do passado e depois futuramente possamos comer nem que seja uma caldeirada de atum, uma açorda ou uma sopa à moda da avó antes que a válvula salte, a panela seque e o cozido azede. O descrédito a que a política foi conduzida ao longo de 50 anos estará a pôr em causa a veracidade da democracia?
A. J. Ferreira