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PS: Parar, Pensar, Progredir

2015, 2019, 2024: três eleições regionais, três oportunidades claras de mudar a Madeira, três derrotas - é este o balanço que o Partido Socialista não pode continuar a ignorar. A saída de Jardim, o auge de Cafôfo e do PS, e o pântano total de Albuquerque: três momentos quase irrepetíveis, três oportunidades desperdiçadas - porquê?

É cada vez mais claro que o PS Madeira tem dificuldades estruturais, que ou enfrenta com seriedade, ou continuarão a condicionar determinantemente os resultados eleitorais.

A primeira, de posicionamento ideológico: a incapacidade de plena afirmação como partido autonomista e regionalista, capaz de defender a Madeira tão bem, ou melhor, do que o seu principal oponente, como fará a partir de agora sozinho no Parlamento Europeu.

A segunda, de caráter programático: a dificuldade de credibilizar as suas propostas perante os eleitores, quase sempre certas muito antes do tempo em que são reconhecidas como tal pela maioria, como agora acontece com a Polícia Municipal do Funchal.

A terceira, de presença territorial: a impossibilidade, tantas vezes ignorada, de garantir representatividade em todos os concelhos, freguesias e sítios da Região, que inviabiliza permanentemente qualquer hipótese de sucesso eleitoral global. Para fazer melhor não é preciso inventar a roda: basta seguir o que de bom tem sido feito, por exemplo, em Machico, Porto Moniz, Ponta do Sol e, em tempos, no Porto Santo. Onde tem pessoas, simpatizantes e militantes ativos, estruturas organizadas e mobilizadas, o PS também sabe ganhar.

A quarta, de comunicação: ultrapassada que está, em maior ou menor medida, a asfixia democrática de que nos queixámos durante décadas a fio, superar em definitivo o receio que uma sociedade económica, profissional e politicamente castrada enfrenta, implica capacidade de inovação permanente para que a mensagem chegue a todos.

A quinta, de credibilidade dos protagonistas: sempre que o PS se abriu, cresceu; sempre que se acantonou, perdeu - e perdeu porque a marca PS na Madeira é má. É má porque o PS está há 20 anos mais ou menos refém de um grupo bem identificado, sobrevivente da velha política do cacique, que bate com a mão no peito enquanto defende uma mudança na Madeira e levanta o punho pelo socialismo, mas que, por interesse particular ou ignorância, não é capaz de fazer mais e melhor. Não é capaz de ler os sinais políticos mais evidentes, nem tão pouco de permitir qualquer rejuvenescimento partidário, que sufoca até que os melhores desistam para manter o espaço da mediocridade reinante que a tudo sobrevive. São críticos da ambição dos outros, porque limita a sua e, sobretudo, o seu modo de viver. Foi a partir daí que nasceu o JPP.

A sexta, de falta de realismo: por mais difícil de compreender que pareça ser para alguns, é evidente que em 50 anos o PS falhou - e falhou porque não ganhou, mesmo quando era mais fácil. Os resultados das eleições legislativas, regionais e europeias deste ano falam por si, por mais vitórias morais que alguns insistam em procurar onde pura e simplesmente não existem.

A sétima, de falta de sentido estratégico: confrontado com diferentes cenários, o PS consegue decidir quase sempre mal, com evidentes consequências nos resultados. Desde 2019, as inconsistências de Paulo Cafôfo são um bom exemplo disso mesmo: afastou-se de quem o apoiou e suportou no Funchal e no PS, afunilando o partido consigo; afastou-se da liderança sem se afastar, para depois voltar repentinamente; afastou Carlos Pereira para ser candidato a um lugar que não ocupou; e não incluiu Miguel Gouveia com receio de fantasmas passados e futuros que o atormentam. Entre a inclusão e a exclusão, escolheu quase sempre o segundo caminho, como escudo justificativo de possíveis insucessos. O resultado está à vista de todos: eleição, eleição, eleição; derrota, derrota, derrota outra vez.

Chegados aqui, é evidente que o problema não é só de Cafôfo, nem só de lideranças; é estrutural e exigirá muita gente, energia, tempo e criatividade para superar. É sobre a forma de fazer política de um partido agrilhoado por uma minoria social absolutamente maioritária internamente, que impede o PS de ver mais longe e de crescer.

Ora, o PS não terá muito mais oportunidades: num cenário de possíveis eleições antecipadas, outra vez, ou se credibiliza rapidamente como alternativa, ou a queda do PSD, com ou sem Albuquerque, redundará em mais do mesmo, com a agravante do perigo de ultrapassagem ser novamente real. O tempo é agora: para parar, pensar e, finalmente, progredir.