Brasil entre países que não assinaram comunicado final de cimeira de paz
O Brasil foi um dos países que não assinaram hoje o comunicado final da Cimeira para a Paz na Ucrânia, documento que pede o envolvimento de todas as partes nas negociações de paz e "reafirma a integridade territorial" ucraniana.
Segundo a agência noticiosa espanhola Efe, entre os países presentes que não assinaram o comunicado estão os Estados-membros do BRICS, um bloco de países composto por Brasil, Índia e África do Sul, bem como pelas ausentes China e Rússia.
Também não subscreveram o documento Arménia, Barém, Indonésia, Líbia, Arábia Saudita, Tailândia, Emirados Árabes Unidos e México.
A declaração, que pede que "todas as partes" do conflito estejam envolvidas para se alcançar a paz, foi subscrita por 84 países, incluindo os da União Europeia, Estados Unidos da América, Japão, Argentina, Somália e Quénia.
O texto, citado pela agência France-Presse (AFP), reafirma "os princípios da soberania, da independência e da integridade territorial de todos os Estados, incluindo a Ucrânia".
A decisão de alguns países de não assinar a declaração foi aceite Ucrânia, que considerou que o objetivo da reunião era dar voz a todas as opiniões.
O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dimitro Kuleba, citado pela Europa Press, registou que o evento pretendia promover "o diálogo franco" para "chegar às decisões certas".
"Reunir toda a gente para falar em uníssono sobre a Rússia era precisamente o tipo de evento que não agrada a Moscovo", indicou.
A Presidente suíça, anfitriã da cimeira, Viola Amhard, reconheceu no sábado que não tinha ilusão de que fosse possível haver um "entendimento final" na cimeira, mas considerou possível que o encontro aproximasse todos os participantes desse objetivo.
Na sexta-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, prometeu ordenar imediatamente um cessar-fogo na Ucrânia e iniciar negociações se Kiev começasse a retirar as tropas das quatro regiões anexadas por Moscovo em 2022 e renunciasse aos planos de adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês).
As reivindicações constituem uma exigência de facto para a rendição da Ucrânia, cujo objetivo é manter a sua integridade territorial e soberania, mediante a saída de todas as tropas russas do seu território, além de Kiev pretender aderir à aliança militar.
As condições colocadas por Moscovo foram rejeitadas de imediato pela Ucrânia, pelos Estados Unidos da América e pela NATO.
A conferência para a paz na Ucrânia, organizada pela Suíça na sequência de um pedido do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, juntou representantes de quase uma centena de países e organizações - metade dos quais da Europa -, mas foram várias as ausências (foram dirigidos convites a 160 delegações de todo o mundo).
A ausência de maior peso foi a da Rússia, que lançou a guerra na Ucrânia em fevereiro de 2022 e não foi agora convidada. O Kremlin (Presidência russa) contou com a 'solidariedade' de vários países, que rejeitaram participar na cimeira dada a sua ausência, como sucedeu com a China.