Direito de resposta

Considerando-se o JPP visado na carta do leitor publicada na edição de 12 de Junho, com o título, ‘O presidente Paulo ou o presidente Élvio?!’, emite o seguinte direito de resposta:

“Caro leitor, Ângelo Silva, discordar é salutar. E, nestes tempos de crise política profunda em que a Madeira se viu mergulhada, por força da demissão de Miguel Albuquerque, nestes tempos de incertezas, em que a Região se viu mergulhada, é natural que surjam dúvidas, perguntas. Em relação à ação do JPP, tentaremos esclarecê-lo.

No dia 27 de maio, após as eleições, o JPP celebrou um memorando de entendimento, com outra força política, com o objetivo de apresentar uma alternativa de Governo (o documento está disponível no site do JPP, de acordo com a norma da transparência que tanto prezamos).

Face aos resultados, a alternativa ao PSD e ao governo de Miguel Albuquerque era possível. Deveríamos ter ficado no sofá? Alguns acham que sim; nós, em consciência, consideramos que não.

Existindo uma possibilidade, mesmo que ínfima, de garantir um melhor acesso à Saúde, apoiar a Agricultura, preservar o Ambiente, promover a Mobilidade e os Transportes, reduzir as listas de espera, reduzir a despesa pública, reduzir o custo de vida, criar mais Habitação a preços acessíveis, combater a Corrupção, não poderíamos não fazer nada. Impunha-se agir. Num partido preparado para governar, com provas dadas na Assembleia e na autarquia de Santa Cruz; num partido que mereceu o reconhecimento e a confiança de tantos milhares de eleitores tínhamos de fazer algo, pois estas são as matérias que realmente importam. Isto é o que ficará quando a espuma dos dias passar.

O que aconteceu não foi um casamento, tão pouco um noivado, muito menos um “alinhanço” como diz. Antes um exercício de democracia parlamentar. Não existindo maioria absoluta, torna-se imperativo a existência de acordos. Já sucedeu antes na Madeira. Já sucedeu na República. É comum um pouco por toda a Europa.

Vivemos tempos novos, diferentes! Vivemos em democracia! É natural que surjam dúvidas, discordâncias!

Vivemos tempos novos, a hegemonia do partido único acabou! Os acordos entre as diversas forças políticas são uma realidade e uma necessidade.

Vivemos tempos novos, há que procurar novas soluções, sem medo! É a democracia parlamentar a funcionar. Respeitar o adversário, mas defender até ao fim as nossas posições. Procurar pontos de contacto, mas manter a nossa identidade. Construir pontes, mas não negar a sua essência.

A questão que coloca, da presidência, é importante, mas não é a mais importante. A questão que deveria colocar não era quem, mas o quê?

O que é que o JPP poderia fazer? Que política poderia imprimir no Governo? Que soluções poderia apresentar para os problemas que os madeirenses e porto-santenses enfrentam? Essas é que eram as questões fundamentais.

Não houve tempo para consolidar uma alternativa. Não houve tempo para debater uma estratégia. Os partidos foram chamados a dar a sua opinião, antes mesmo de saírem os resultados oficiais do escrutínio.

Considera que o Élvio seria um mau presidente. Nunca o saberemos. Apenas temos uma certeza: pelo menos não é arguido em nenhum processo.

Já quanto à questão do presidente da Assembleia: considera correto que o mais alto cargo da Região seja “vendido” desta forma? Um partido com apenas dois deputados consegue impor a sua vontade a um partido com meio século de governo e 19 deputados. Não o surpreende isto? Não o indigna? Se não fosse a ação de um partido troca tintas, que hoje diz uma coisa e logo defende o contrário (se sopram ventos de Lisboa), hoje teríamos uma mulher na presidência da Assembleia! Outro sinal dos tempos novos que se vivem. Tempos que devemos enfrentar sem medo!

A Madeira tem pessoas inteligentes em todos os quadrantes políticos, a inteligência não é o exclusivo de uma elite. Essas pessoas saberão conduzir a Região a bom porto!”

Alfredo de Freitas de Gouveia