MP pede pelo menos 18 anos de prisão por homicídio de jovem em 2023 em Albufeira
O Ministério Público (MP) pediu ontem a condenação a uma pena não inferior a 18 anos de prisão para a jovem acusada de ter matado uma adolescente em 2023, à porta de uma discoteca em Albufeira, no Algarve.
Nas alegações finais do julgamento, no tribunal de Portimão, no distrito de Faro, a procuradora do MP alegou ter ficado provado nas audiências que Mariana Carrilho, de 22 anos, "agiu com intenção de atingir" Núria Gomes, de 19, ao "fazer uso da navalha que tinha consigo".
Os factos remontam a abril de 2023, quando as duas jovens se envolveram em confrontos físicos no exterior de um estabelecimento de diversão noturna na cidade de Albufeira e Núria Gomes foi esfaqueada, acabando por morrer pouco tempo depois.
Mariana Carrilho está acusada de um crime de homicídio qualificado, enquanto o seu namorado na altura dos factos, José Miguel Oliveira, de 21 anos, responde pelos crimes de ofensa à integridade física qualificada e de favorecimento pessoal, por alegadamente ter tentado desfazer-se da arma branca.
As desavenças tiveram origem no interior do estabelecimento e, à saída, as duas jovens entraram em confronto físico.
Para o MP, a arguida, ao empunhar a faca, conforme admitiu ao tribunal, "não convenceu que era para se defender, mas, sim, com intenção de atingir a vítima".
A procuradora considerou também que ficaram provados os requisitos da acusação dos crimes praticados pelo arguido José Oliveira.
Já os advogados dos arguidos pediram a sua absolvição, "por existirem muitas dúvidas" sobre quem foi o autor da facada que provocou a morte da jovem, "uma vez que ninguém viu a agressão, nem a faca na mão da arguida".
A advogada de Mariana Carrilho alegou que "nem as testemunhas, nem as imagens de videovigilância apresentadas em tribunal são esclarecedoras, nem mostram a arguida a esfaquear a vítima".
"Como subsistem tantas dúvidas, a arguida deve ser absolvida", sustentou.
Mariana Carrilho admitiu na primeira sessão do julgamento que era portadora de uma faca entregue pelo então namorado, que "andava sempre armado", para que não fosse detetada à entrada na discoteca.
A arguida explicou que levou a faca para o interior do estabelecimento debaixo da axila e depois a colocou na mala, voltando a sair com ela debaixo da axila, "para se defender das ameaças que lhe foram feitas dentro da discoteca e para assustar a vítima".
Mariana Carrilho alegou que não se lembra muito bem do que aconteceu, porque tinha consumido cocaína e vários uísques, e também "devido à confusão" que se instalou no local.
Em audiência, os dois arguidos explicaram ao tribunal que deixaram depois o local das agressões a pé, tendo José Oliveira "tentado desfazer-se da faca". Ambos foram detidos pouco tempo depois pela GNR.
José Oliveira referiu ainda que, "no momento em que a Núria caiu, estava com a faca na mão e todos no local" diziam que tinha sido ele a dar a facada na origem da morte da jovem.
A leitura do acórdão ficou marcada para o dia 18 de junho, às 14:00.