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Velhos no chão não… no velhão!

Todos os dias, são várias as pessoas, mais ou menos doentes, que recorrem ao serviço de urgência do Hospital Dr. Nélio Mendonça. Algumas acabam mesmo por necessitar de cuidados hospitalares, ficando numa das muitas macas espalhadas pelos corredores da urgência, a aguardar vaga numa enfermaria qualquer. A questão que se coloca é… todas as camas disponíveis no Serviço Regional de Saúde estão ocupadas por doentes que necessitam verdadeiramente de cuidados hospitalares?

Os Hospitais Dr. Nélio Mendonça e Marmeleiros têm cerca de 700 camas. Destas, aproximadamente 500 são usadas para doentes em tratamento. Então e as restantes 200? Estão avariadas? Estão fechadas por falta de enfermeiros e/ou médicos? Estão desativadas porque pinga do tecto? Não… e não estão fechadas… estão ocupadas pelas “altas problemáticas”.

Mas o que são altas problemáticas? São doentes com alta clínica, cuja família acaba por não os ir buscar. As razões para tal são várias… não vão porque a pessoa não tem condições para ficar sozinha e não há ninguém para cuidar 24 sobre 24h; ou porque não há condições habitacionais para voltar a receber o doente; ou porque não há vagas nos lares para cuidados continuados, ou porque a família simplesmente não quer saber do doente.

Estima-se que a região tenha, atualmente, entre 200 a 220 altas problemáticas. A vasta maioria são idosos que acabam por ficar a viver no hospital... ficam a viver no “velhão”… E se pensa que isto também não é um problema para si, engana-se! Cada alta problemática tem um custo diário de cerca de 100€ ao contribuinte. Por mês, cada alta problemática custa perto de 3000€. No total, são entre 20.000 a 22.000€ que a região gasta, diariamente, no “velhão”… é demasiado!

Dado que os lares escasseiam na região, e que a maioria dos mesmos praticam preços incomportáveis para o orçamento da maioria das famílias e reformas dos idosos, cabe ao governo regional arranjar soluções. Uma delas poderá mesmo passar pelos atuais hospitais Dr. Nélio Mendonça e Marmeleiros!

Com a entrada em funcionamento do novo hospital da Madeira, os hospitais Dr. Nélio Mendonça e Marmeleiros serão desativados. Este novo hospital terá cerca de 500 camas, o que impossibilita a possibilidade de altas problemáticas. Assim sendo, e já que não se sabe bem o que fazer com os Marmeleiros e Nélio Mendonça, porque não usá-los como lar? Dada que a mensalidade média de um lar em Portugal é de 1200€, a região inclusive conseguiria reduzir para mais de metade o valor destes ex-doentes.

É inegável que há falta de lares na Madeira. Alguns dos que estão em funcionamento não apresentam as melhores condições. O governo regional necessita de solucionar os problemas da falta de vagas em internamento hospitalar, da falta de vagas em lares, das altas problemáticas, e do futuro dos atuais hospitais regionais.

Porque não usar estes edifícios para lares públicos, possibilitando a resolução de todos estes problemas?

Os internamentos hospitalares servem para tratar os doentes com doenças graves, com grande vulnerabilidade, e não para o abandono. Temos que acabar com “o velhão”, e dar melhor qualidade de vida aos nossos idosos.