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O São João, a festa de todos os calhetenses

O progresso está à vista de todos, muito beneficiado pelo encurtamento de distâncias

Nesta pequena enseada que batizou o nome do concelho e mais tarde elevada a vila através da carta régia de D. Manuel I, datada de 1502 desembarcaram os primórdios que afortunadamente e em boa hora descobriram os encantos e riqueza desta localidade. Por tão rica que era foi a escolhida pelo descobridor da Madeira João Gonçalves Zarco para fazer a doação das suas terras ao seu filho João Gonçalves da Câmara.

O seu solo arável aliado ao sacrifício, força e engenho das suas gentes trouxeram grandes riquezas aos seus donos e património ao concelho. Foi a cultura da cana-de-açúcar que alavancou a economia de então, pela produção, comercialização e exportação do famoso ouro branco.

Ao longo dos seus mais de cinco séculos de história muitos lutaram, trabalho árduo, raramente reconhecido e explorado pelos grandes senhorios a troco de um teto pobre e singelo para os acolher. O povo vivia pobremente e o melhor que a terra dava era para o senhor, só este tinha direito à farinha bem peneirada e, por altura do Natal, à galinha mais formosa. Vale-nos sempre o desígnio que Deus sempre escreveu certo por linhas tortas, dando ao povo trabalhador a alimentação mais saudável, a carne magra e o pão de rolão repleto de fibra tão famosa e apregoada no nosso tempo.

Do alto deste ano 2024 e humildemente fazendo uma retrospetiva da nossa História, facilmente se conclui que todos desempenharam um importante papel no percurso do concelho.

Porque assim, a riqueza dos solos fez abastar os grandes senhores da terra e da sua devoção nasceu o grande património eclesiástico edificado recheado de peças de arte existentes ao longo do concelho que, ainda hoje nos enchem de regozijo.

Por outro lado, daqueles que se sentiram explorados nasceu a vontade secular de sair à procura de uma vida melhor. Verdadeiros aventureiros, cujas agruras da vida lhes deram coragem e força para arriscar, alguns com menos sorte, sabemos, mas muitos e muitos outros, saídos desta pequena terra fizeram história pelo mundo fora.

Muitos desses exemplos de vida são conhecidos e muitos outros vamos descobrindo, basta sairmos ao estrangeiro e vamos sempre encontrar um calhetense bem sucedido e respeitado em qualquer parte do globo.

A luta cá e lá continuou ao longo dos tempos, vão mudando os aventureiros, mas de uma forma ou de outra a história das nossas gentes repete-se e repete-se. Tanto daqueles que saíram à procura de um lugar ao sol, como daqueles que, de forma resiliente aproveitaram o nosso próprio sol e inteligentemente, nas mais variadas vertentes, construíram e transformaram a Calheta que hoje temos, para viver e oferecer a quem nos visita e que tanto nos orgulha.

O progresso está à vista de todos, muito beneficiado pelo encurtamento de distâncias, é certo, mas não apenas na obra física e sobretudo na transformação social, na nossa qualidade de vida, cada vez mais atrativa. Não é por acaso que há cada vez mais quem se queira juntar a nós para viver neste cantinho do paraíso.

É pois altura e sob a proteção do São João Batista e do divino Espírito Santo, padroeiro da nossa Vila, de festejar em sua honra e homenagear, não só todos aqueles que por aqui passaram mas também os que por aqui andam e que continuam a elevar o nome do nosso concelho.

Brindemos assim à nossa História com orgulho e alegria.

Um Feliz São João!