Agências de viagens querem ser ouvidas na questão da mobilidade insular
A nova Mesa da Secção das Agências de Viagens da ACIF-CCIM quer ser ouvida nas várias temáticas que envolvem um sector tão importante para a economia da Madeira, entre as quais a temática do subsídio de mobilidade insular.
Na tomada de posse da nova Mesa, na qual foi reconduzido Gabriel Gonçalves ('Mediterranean Travel Services') como presidente, que na ocasião salientou que a ideia de passar de três elementos para cinco (ver parte final do artigo) "será dar uma maior abrangência na área, é uma equipa jovem, é uma equipa determinada. Temos alguns desafios pela frente", reconheceu. "A Madeira está em período de ascendência, estamos com uma necessidade de fazer novos caminhos, uma adaptação aos novos tempos que nós temos. O pós-COVID veio nos trazer novas exigências e esta Mesa leva talvez consigo neste mandato, um trabalho que vamos começar já na próxima semana e, assim, é a forma que a Mesa continue a ser ativa e que contribua e que dê imputs para o sucesso do turismo cá na região", almeja.
A 'certificar' estes novos membros esteve o presidente da ACIF-CCIM, Jorge Veiga França, que aproveitou para realçar que esta é uma "Mesa com uma relevância, como é reconhecida por todos nós, até porque o principal setor económico da atividade da nossa região é precisamente o turismo", frisou. "Sendo este o dia da tomada de posse desta nova Mesa e agradecendo, desde já, que tenha sido pelas empresas associadas os seus digníssimos representantes, seguido o nosso conselho, no sentido de que feitas novas eleições na Mesa, já tinha ultrapassado a data limite dos três anos, embora todas as coisas estivessem na completa normalidade, é sempre bom que nós, de acordo com os regulamentos e estatutos, possamos reiterar o interesse dos associados em colaborar no associativismo", acrescentou, "em primeiro lugar, no futuro e na melhoria das condições do setor, da atividade da AP Madeira, onde têm representação como a própria direção da ACIF, no sentido de levar a bom porto aquilo que são as posições de todos os stakeholders, se me permitir o palavrão em inglês, mas na vossa área o domínio das línguas estrangeiras é comum e corrente, portanto, entender-me-ão", atirou.
Questionado sobre a intenção do novo ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, de ser colocado um tecto de 35 euros sobre a taxa de emissão de bilhetes, que implicará com o subsídio de mobilidade, o presidente da Mesa questiona como se chegou a esse valor, sendo certo que antes de serem tomadas medidas deve ser ouvido o sector, o que não aconteceu até à data. "Primeiro é preciso saber-se os custos de emissão de um bilhete (por parte das agências de viagens), o que só aconteceria com um estudo. ", salientou. "De certa forma, era preciso avaliar. Neste momento, não estou em condições de dizer o custo de um bilhete de avião, mas penso que está muito aquém dos 35 euros".
Lembrando que foram as agências de viagens da Madeira que ajudaram a criar a iniciativa do estudante insular, Gabriel Gonçalves acredita que se forem colocados perante a possibilidade de dar opinião sobre o subsídio de mobilidade que ajude a melhorar, para todos, este segmento, estão disponíveis para tal. Aliás, a própria ACIF, em devido tempo, apresentou uma proposta sobre a temática.
Para Gabriel Gonçalves, os desafios do sector lembra que "a Madeira está num período de crescimento, temos que nos preparar para esse desenvolvimento, que foi muito rápido no pós-Covid. Tivemos uma aceitação que não era habitual na Madeira, e fez-nos, de certa forma, ter dores de crescimento. Mas é preciso nos prepararmos para os desafios do futuro, e para isso temos que nos lançar e preparar, e preparar esse futuro de uma forma que nos dê uma sustentabilidade, porque isto é de certa forma uma das indústrias que contribuem em grande para o destino da região".
Recusa, por isso, a ideia de este rápido crescimento poder pôr em causa o bom nome do destino. "Apesar de se falar sobre a carga e sobrelotação, ainda não atingimos os valores de 100% de toda a hotelaria. Não excedemos os 70% a 75%. O que tivemos foi um valor de ocupação superior a uma média que existia num passado, que nem é só recente, é um passado muito antigo. A Madeira trabalhou durante muitos anos, nos anos 70 e 80, a ocupação era de 50%, e a Madeira sempre foi considerada um destino turístico muito grande e que foi rentável, fez-se um crescimento nessa altura muito maior, passamos por maus períodos e as crises, e a última foi a crise do Covid, mas que nos trouxe um certo desenvolvimento e que nos pôs, no fundo, a mudar uma tradição que havia de um turismo mais idoso, pessoas em reforma. E temos hoje um turismo que é mais exigente, mais informado, tem todas as camadas etárias. Mas temos uma vertente jovem bastante grande que não era muito habitual do passado, e para isso temos alguns desafios, desafios esses que temos que alinhar, preservar, estudar e criar estruturas, de forma a que isso também seja aceite por eles", os turistas.
O presidente da ACIF, que termina no final deste ano o limite máximo de seis anos (dois mandatos) estatutários, aproveitou para falar sobre isso. "No final do ano deixarei de estar à frente dos desígnios desta direção e, por conseguinte, de transmitir aquilo que têm sido as preocupações, designadamente no vosso setor, mas seguramente que a continuidade far-se-á suavemente e bem e com a mesma pujança e força que sempre tivemos ao longo dos quase seis anos que estou a completar à frente da ACIF, e se não me recandidato é porque, de facto, os estatutos dizem que são dois mandatos. E, portanto, que venham mais novos porque eu já estou em idade de reforma e, inclusive, já reformado".
Sobre esta temática dos desafios, Jorge Veiga França é claro: "Os desafios são muitos no setor. Desde logo a pressão turística, ajustar os problemas que outras regiões com características parecidas com a nossa já estão a enfrentar. E nós podemos jogar por antecipação, se nós soubermos preparar para tudo isso. Conto com o vosso esforço, há várias questões, como disse, a pressão turística, as decisões que, a meu ver, ainda poderão ser tomadas relativamente à ecotaxa, enfim, por aí adiante, há uma série de questões, tenho a certeza que o vosso contributo continuará a ser igual, mesmo superior àquele que tem sido até hoje, contamos convosco."
Quanto à temática da mobilidade, o dirigente associativo, lembrou que, efectivamente a ACIF já apresentou propostas nesse sentido, mas reconhece que "é um problema que se arrasta há tempo demais", concordando todos que não podem ser as agências de viagens a suportar os encargos de uma viagem - mais fácil no caso dos estudantes deslocados -, mas que para toda a população não têm condições para o fazer, não podendo ser as companhias, muito menos os passageiros, cabe ao Estado criar o modelo que se adeque a todos.
Os outros membros da mesa são Odília Andrade, da 'Travel One', Cátia Esteves, da 'Blatas', Maria João Dória, da 'Newtravel', e Ana Barbosa, da 'TUI Portugal'. O mandato vigora a partir de hoje até 2027.