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Comunidades na Diáspora

No dia 10 de junho, assinalou-se o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. O que significa este dia para os que estamos longe? O termo comunidades evoca aqueles que deixaram a sua terra natal em busca de uma vida melhor. E o que acontece nessa jornada? Criam-se insularidades, arquipélagos ou até mesmo réplicas de uma segunda freguesia, como a formada por emigrantes oriundos de S. Roque do Faial, radicados na cidade de Osasco, no Estado de São Paulo, Brasil.

Falamos principalmente de famílias que deixaram a Madeira nas décadas de 50 a 70 do século XX e que, guiadas pelo orgulho nas suas raízes, decidiram formar comunidades para preservar as suas origens, tradições e cultura. Uma forma de “matar saudades” e alimentar o sonho de regressar à terra natal. O sentido de comunidade dos emigrantes madeirenses transformou-os em embaixadores da nossa cultura, exemplificado nas míticas bordadeiras do Morro de São Bento, no Brasil. Este espírito comunitário também se reflete na maior réplica do Santuário de Fátima no mundo, situada na região dos Altos Mirandinos, na Venezuela, e no famoso “garlic pork”, que se tornou no prato típico de Natal na Trindade e Tobago.

Os emigrantes madeirenses desempenharam diferentes funções ao longo da história, todas elas válidas e importantes. No entanto, faz sentido continuar a usar o termo comunidades para referir-se aos nossos emigrantes?

As políticas públicas nacionais têm falhado na compreensão da emigração atual, que difere muito da geração dos nossos avós, que deixavam o país movidos pela fome e pobreza. Muitos dos nossos emigrantes partem com objetivos diferentes, e a grande maioria sem intenções de regressar para ficar, deixando para trás o saudosismo de uma terra que muitas vezes só existe no imaginário daqueles que partem.

O emigrante madeirense já não é apenas um agente económico reconhecido pela sua capacidade de enviar remessas ou contribuir ao desenvolvimento do comércio local. O emigrante é cada vez mais uma fonte de desenvolvimento humano, cultural, profissional e até político. Seremos capazes de aproveitar este potencial em prol da Região?

Reconheço o trabalho feito pela Direção Regional das Comunidades e Cooperação Externa em prol do reconhecimento dos nossos emigrantes por esse mundo além. Não obstante, devemos ser conscientes que o futuro das nossas comunidades depende de um entendimento profundo e de ações concretas que promovam a integração, valorização e crescimento mútuo entre os madeirenses residentes na Região e a sua diáspora.