O presidente Paulo ou o presidente Élvio?!
Esta é a pergunta que se impõe: Paulo ou Élvio como presidente do Governo? Não é que tenha preferência por qualquer um dos dois (sinceramente, qualquer um deles seria muito mau para a Madeira), mas, sinceramente, continuo sem perceber qual seria o presidente se o precipitado e ruinoso (como se verá, para as duas partes, mas sobretudo para o JPP, já que o PS tinha e tem o interesse em travar a subida dos seus antigos colegas de partidos) acordo alinhavado entre Cafôfo e Sousa fosse adiante.
Já tínhamos nos apercebido que aquele acordo não tinha “pernas para andar”. Aliás, no próprio dia, Élvio Sousa disse que se os outros partidos não se aliassem à proposta tudo ficaria por ali e “cada um iria à sua vida”. Depois, viemos a saber que, afinal, o acordo tinha durado apenas quatro horas. Ou seja, não foi casamento nem noivado, foi o chamado “alinhanço”, termo muito usado na minha juventude.
Portanto, se já tínhamos dúvidas sobre o acordo, mais ficámos quando ouvimos Élvio Sousa, no dia 6 de junho, dizer que se houvesse Governo, formado pelo JPP e PS e quantos mais partidos fossem preciso, seria ele o presidente e não Paulo Cafôfo. Como? Até recuperei o som, para ter certeza de que tinha ouvido bem. Sim, tinha. Ele disse isso.
Depois, confrontado pela Comunicação Social, Paulo Cafôfo tentou ser diplomático («não chegámos a falar sobre isso»), mas perante a insistência jornalística, lá deixou escapar um “foi o PS o segundo partido mais votado, portanto…). Ou seja, na sua opinião, seria ele o Presidente.
À primeira vista, tem razão. O segundo partido mais votado foi o PS, logo a haver governo entre os dois seria o PS. Mas, porquê? Se o PS não respeita o direito do primeiro partido mais votado a formar Governo, como pode exigir ao terceiro partido mais votado que respeite a sua primazia?! Não pode! Isto de se fazer aos outros aquilo que não queremos que nos façam trazem estas lições de vida!
E o IL, o PAN, o CDS também poderia querer ter o Presidente. Pela mesma ordem de razões….
Já viram bem a “salgalhada”?! Se nem sequer se decidiram a algo relativamente simples (escolher o presidente, entre eles), como seria concertar um programa com tantas diferenças - uma das quais apontada como linha vermelha pelo JPP, que era o número de secretarias, apenas cinco; a ser assim seria cinco partidos, cinco secretarias – definir quem iria coordenar as pastas…
Claro que sempre podem dizer que chegaram a acordo na questão do presidente da Assembleia: votaram ambos a favor de Sancha Campanella. Só que, como rapidamente se apercebeu, mais do que um voto na deputada socialista foi um voto contra José Manuel Rodrigues, o chamado amuo….
Doutra forma não se compreenderia como é que alguém que foi apontado por Paulo Cafôfo - com ou sem anuência de Élvio Sousa não se sabe; este diz que não sabia mas a verdade é que o convite ao líder do CDS foi feito, desde que este partido apoiasse um governo PS/JPP – como o presidente «ideal» (palavras dele, não minhas) passou, em poucos dias, para pessoa impreparada e com pouca capacidade para o cargo (resumo do que foi dizendo, após o acordo).
Portanto, a única coisa que une Élvio Sousa e Paulo Cafôfo é a aversão a Miguel Albuquerque, ao PSD. E um acordo baseado no contra qualquer coisa e não a favor de algo, é sempre um mau princípio. Não acaba bem, como já se viu e se verá nos próximos capítulos.
A Madeira precisa de estabilidade. Não precisa destas rábulas dos dois presidentes, desta indefinição…
Já agora, para concluir, só mais uma reflexão: o PS e o JPP criticaram o acordo entre PSD e CDS. E Paulo Cafôfo até foi mais longe, dizendo que havia partidos que disseram uma coisa na campanha, que não apoiariam Miguel Albuquerque e que agora admitem fazê-lo…. É caso para dizer “bem prega Frei Tomás…” Mais uma vez, não olhou para o parceiro do lado. Se o tivesse feito, com certeza que se lembraria de ouvir Élvio Sousa dizer que acordos nem com o PSD nem com o PS, porque uns eram iguais aos outros e que para escolher viesse o diabo e escolhesse. Ou seja, o JPP recuou (para Cafôfo é legítimo, mau é recuar em favor dos outros). Neste caso, fico com mais uma dúvida: o diabo seria Cafôfo ou o Élvio Sousa?!
Ângelo Silva