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EUA darão nova ajuda de mais de 400 milhões de dólares aos palestinianos

FOTO DR
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O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, anunciou hoje um novo pacote de 404 milhões de dólares (376 milhões de euros) de ajuda aos palestinianos, afetados pela guerra entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas em Gaza.

"Hoje, anuncio mais 404 milhões de dólares numa nova ajuda aos palestinianos, que se soma aos mais de 1.800 milhões de dólares (1.678 milhões de euros) em ajuda ao desenvolvimento, económica e humanitária que os Estados Unidos forneceram desde 2021", declarou Blinken numa conferência internacional de resposta humanitária à Faixa de Gaza - há mais de oito meses palco de guerra -, que está a decorrer na região do mar Morto, no sudoeste da Jordânia, exortando outros países a fazer o mesmo.

"Instamos outros doadores a contribuir para a resposta humanitária em Gaza e na região, a aumentar o apoio às pessoas afetadas pelo conflito e a trabalhar em conjunto para encontrar soluções duradouras para a crise", disse Blinken no seu discurso.

"Alguns expressaram grande preocupação com o sofrimento do povo palestiniano em Gaza, incluindo países com capacidade para dar muito, mas que deram muito pouco ou nada", afirmou o chefe da diplomacia norte-americana.

Este novo financiamento norte-americano "fornecerá apoio essencial aos palestinianos vulneráveis em Gaza, na Cisjordânia e na região, incluindo alimentos, água potável, cuidados de saúde, proteção, educação, abrigo e apoio psicossocial", especificou Blinken, sublinhando que "os Estados Unidos continuam empenhados em responder às necessidades humanitárias das pessoas afetadas pela crise".

Mas, acrescentou, o apelo da ONU para recolher fundos para os palestinianos foi até agora financiado em apenas um terço, com um défice de cerca de 2,3 mil milhões de dólares (2,1 mil milhões de euros).

Antony Blinken defendeu também perante os dirigentes mundiais presentes na conferência que Israel deve tomar "mais medidas" para "reduzir as baixas civis" na guerra que trava na Faixa de Gaza, "apesar de esta ser contra" o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), desde 2007 no poder naquele território palestiniano e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, além de outros países.

"Israel tem de tomar novas medidas para reduzir o número de vítimas civis, ao mesmo tempo que enfrenta o inimigo que iniciou esta guerra com o massacre de civis a 07 de outubro - um inimigo que conduz operações a partir de escolas, de hospitais, de campos de deslocados, um inimigo que cinicamente se esconde atrás ou debaixo do povo que pretende representar", sustentou.

Na conferência internacional, organizada pelo reino haxemita, o Egito e a ONU, o secretário de Estado norte-americano asseverou que "todos sabem" que "não há tempo a perder, dado o inferno que centenas de milhares de palestinianos diariamente suportam".

Por isso, insistiu, como tem feito desde segunda-feira, quando iniciou o seu périplo pelo Médio Oriente, que a sua principal mensagem é no sentido de que "cada Governo, cada instituição multilateral e cada organização humanitária que quer o alívio do sofrimento em massa na Faixa de Gaza" pressione o Hamas a aceitar o acordo de cessar-fogo atualmente em cima da mesa.

"Pressionem-no publicamente ou em privado (...) afinal, a proposta é praticamente idêntica à que o próprio Hamas propôs a 06 de maio", observou, recordando a resolução na segunda-feira aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU em apoio à proposta de trégua em Gaza anunciada pelo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Quanto à ajuda humanitária, garantiu que Israel está a dar "passos importantes" para abrir mais passagens fronteiriças, por forma a remover os obstáculos à distribuição de assistência à população, "mas pode e deve fazer mais".

"Como transmitimos diretamente ao Governo israelita, é fundamental acelerar a inspeção dos camiões e reduzir os atrasos, de modo a proporcionar uma maior circulação e encurtar a lista de bens proibidos, aumentar os vistos para os trabalhadores humanitários e aprová-los mais rapidamente, para criar canais livres e mais eficientes para as organizações humanitárias", afirmou.

Blinken reuniu-se hoje com o primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana, Mohammad Mustafa, para abordar o acordo global de cessar-fogo atualmente em discussão, que garantiria a libertação de todos os reféns, aumentaria significativamente a ajuda humanitária e permitiria o regresso dos deslocados às zonas evacuadas de Gaza, indicou hoje o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, num comunicado.

"O Secretário sublinhou que a proposta beneficiaria grandemente tanto os palestinianos como os israelitas e reiterou que o Hamas deveria aceitá-la sem demora", declarou o porta-voz.

Além disso, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos saudou os anúncios de reforma feitos pela Autoridade Palestiniana e discutiu com o primeiro-ministro palestiniano "a necessidade de uma aplicação total e consistente dessas reformas para concretizar as aspirações dos palestinianos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza", reafirmando o apoio de Washington à "criação de um Estado palestiniano independente com garantias de segurança para Israel".

Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas depois de este, horas antes, ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando 1.194 pessoas, na maioria civis.

O movimento fez também nesse dia 251 reféns, 120 dos quais permanecem em cativeiro e 41 morreram entretanto, segundo o mais recente balanço do Exército israelita.

A guerra, que hoje entrou no 249.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza pelo menos 37.164 mortos e 84.832 feridos, além de cerca de 10.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros após oito meses de guerra, de acordo com números atualizados das autoridades locais.

O conflito causou também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.