DNOTICIAS.PT
Mundo

Zelensky alerta para risco de partidos radicais europeus pró-russos

FOTO DR
FOTO DR

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, classificou hoje como "perigosa" a retórica pró-russa atribuída aos partidos de extrema-direita na Europa, na sequência do avanço eleitoral destas forças nas recentes eleições europeias.

Zelensky falava no parlamento alemão em Berlim, onde hoje se encontra em visita, numa intervenção que foi boicotada por deputados de extrema-esquerda e de extrema-direita.

"É perigoso - não para a Ucrânia, porque já estamos na situação mais perigosa, estamos em guerra - mas os 'slogans' radicais pró-russos são perigosos para os vossos países", disse Zelensky.

A maioria dos deputados do partido alemão de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), bem como os deputados de um partido nacionalista de esquerda, boicotaram o discurso de Zelensky no hemiciclo.

Quando subiu ao púlpito da câmara baixa do parlamento alemão sob aplausos, o Presidente ucraniano viu-se confrontado com os lugares deixados vazios por quase todos os 77 deputados do AfD.

A mesma atitude teve a maior parte dos 10 deputados do partido de esquerda radical BSW, recentemente criado por uma figura da cena política alemã Sahra Wagenknecht, que assumiu uma linha nacionalista.

"Recusamo-nos a ouvir um orador vestido com um camuflado", explicou a direção do AfD, num comunicado, referindo-se à indumentária militar de Zelensky, acrescentando que "a Ucrânia não precisa de um presidente da guerra, mas de um presidente da paz".

Por sua vez, o movimento BSW afirmou querer enviar "um sinal de solidariedade a todos os ucranianos que querem um cessar-fogo imediato e uma solução negociada".

Para estes dois partidos, as eleições europeias, que decorreram entre quinta-feira e domingo nos 27 Estados-membros da União Europeia (UE), foram um sucesso, com o AfD a ascender à segunda posição na votação, com quase 16% dos votos, atrás dos conservadores alemães.

Com um discurso crítico sobre a imigração e as entregas de armas à Ucrânia, o partido BSW ultrapassou os 6% dos votos, eclipsando completamente o histórico movimento de extrema-esquerda Die Linke (2,7%).

Nesta visita a Berlim - por ocasião de uma conferência internacional sobre a reconstrução da Ucrânia - Zelensky expressou preocupação com o sucesso eleitoral de grupos "com 'slogans' radicais pró-Rússia" e apelou aos aliados do seu país para aumentarem a sua ajuda à defesa aérea.

"É o terror dos mísseis e das bombas que ajuda as tropas russas a avançar no terreno", disse Zelensky.

"Enquanto não privarmos a Rússia da possibilidade de aterrorizar a Ucrânia, (o Presidente russo Vladimir) Putin não terá nenhum interesse real em procurar uma paz justa", argumentou o líder ucraniano.

Nos próximos dias, a agenda diplomática do líder ucraniano inclui ainda uma viagem a Itália para a cimeira dos líderes do G7 (as sete maiores economias mundiais mais a UE), na quinta-feira, e depois a Conferência sobre a Paz na Ucrânia, que reunirá mais de 90 países e organizações - sem a Rússia e a China - no sábado e domingo, na Suíça.