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A Madeira também é Europa!

A primeira vez que saí da ilha, foi aos 18 anos, numa experiência de intercambio juvenil entre a minha escola e outra na Alemanha. Passado estes anos, lembro-me como se tivesse sido hoje. A ansiedade de andar pela primeira vez de avião e a admiração de chegar a um sítio completamente diferente. Foi o meu primeiro impacto com o que é realmente a Europa.

Para os jovens madeirenses, aventurar-se além das fronteiras do arquipélago é uma experiência profundamente transformadora. Conhecer a Europa proporciona inúmeras oportunidades de crescimento pessoal, académico e profissional, fundamentais para o desenvolvimento pleno de qualquer jovem. Enfrentar novos desafios, desde aprender a se “desenrascar” numa cidade desconhecida, até lidar com outras culturas, fortalece a autoconfiança e a capacidade de resolução de problemas. A vivência em diferentes ambientes culturais e sociais incentiva o desenvolvimento de uma visão mais ampla e crítica do mundo. Este tipo de experiência promove a tolerância, a empatia e a capacidade de adaptação, competências essenciais para um bom desenvolvimento emocional.

No entanto, e fazendo um rescaldo às eleições europeias, é a elevada abstenção a grande vencedora, principalmente entre os mais jovens. A baixa participação enfraquece os valores europeus e compromete a representatividade das decisões tomadas. Esta tendência é preocupante, pois questões cruciais, como direitos humanos, políticas ambientais e económicas, são decididas a nível europeu, hipotecando o futuro dos jovens. É assim essencial promover a conscientização sobre o facto de fazermos parte da Europa e continuar a incentivar os programas de intercâmbio.

Outro lamento é a perda de representatividade da Madeira no Parlamento Europeu, pois enfraquece a voz da região em questões cruciais que afetam diretamente os nossos cidadãos. A Madeira necessita de uma defesa robusta no cenário europeu para garantir o acesso justo a fundos e políticas adaptadas às suas necessidades específicas. A diminuição da representação pode resultar em decisões desfavoráveis ou negligência das nossas prioridades, comprometendo o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida dos madeirenses. A Madeira não é apenas uma joia turística, mas uma parte integrante e indispensável da Europa. Reconhecer a Madeira como Europa é reconhecer a sua importância histórica, económica, cultural e política dentro da União Europeia. É essencial que continuemos a fortalecer estes laços, promovendo uma maior integração e valorização das regiões ultraperiféricas, levado os jovens aos centros de decisão. Afinal, a Madeira também é Europa, e a Europa é mais rica com a Madeira.