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"Portugueses são sempre melhores do que as antevisões e orgulhosos do passado"

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Foto Lusa

O Presidente da República descreveu hoje os portugueses como um povo que ultrapassa adversidades e tragédias, que é sempre melhor do que as antevisões e tem orgulho no seu passado, embora assumindo erros, sem complexos.

"Desengane-se quem olha para nós, cá dentro e lá fora, e pensa que nós cedemos ao primeiro contratempo, que nós vacilamos à primeira provocação, que nós hesitamos à primeira contrariedade que nós, que nós baqueamos à primeira tragédia. As raízes são antigas e fortes. A têmpera é, se possível, ainda mais forte", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, na cerimónia militar comemorativa do 10 de Junho, em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria.

Na sua intervenção, o chefe de Estado fez uma breve referência ao passado colonial e de explorações marítimas de Portugal: "Éramos poucos e aportámos a todos os continentes. Acertámos e falhámos, e assumimo-nos como somos, sem complexos na confissão dos erros, mas orgulhosos do mais que nos fez ser o que temos ser".

Neste seu discurso no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, como em anos anteriores, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou orgulho nos emigrantes portugueses espalhados pelo mundo, "nas Europas, nas Áfricas, nas Américas, nas Ásias, nos Pacíficos".

"Todos, mas todos, como Camões, que foi combatente, como tantos dos nossos, século após século, indomável, mas também rufião, conviva do povo mais povo e ao mesmo tempo letrado, poeta lírico e épico, amoroso e escritor sobre amores, contador da nossa história, a antiga e aquela que ele próprio fez todos os dias da sua vida", acrescentou.

No fim da sua intervenção, reforçou a mensagem de exaltação dos portugueses: "Não se iludam outros, não nos iludamos nós. Portugal e os portugueses são sempre, mas sempre melhores do que as antevisões dos arautos dos infortúnios".

"Nós, portugueses, somos sempre melhores do que às vezes pensamos e do que muitos outros gostam de pensar. Por isso nós, orgulhosamente, vivemos quase 900 anos de passado sempre feito futuro. Viva Portugal", exclamou.

Antes, nesta cerimónia militar do Dia de Portugal, de Camões e da Comunidades Portuguesas, realizada na Avenida Comendadora Maria Eva Nunes Corrêa, houve uma homenagem aos mortos e um discurso do bombeiro Rui Rosinha, que ficou gravemente ferido no incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande em junho de 2017.

Marcelo Rebelo de Sousa escolheu para palco destas comemorações três concelhos do distrito de Leiria afetados pelos incêndios de 2017 -- Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera -- e Coimbra, onde terão hoje à tarde início as celebrações dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões.

Este é o primeiro Dia de Portugal na sequência das legislativas antecipadas de 10 de março, das quais resultou a formação de um Governo minoritário PSD/CDS-PP, após oito anos de governação do PS.

O 10 de Junho acontece um dia depois das eleições europeias, que o PS venceu com 32,09% dos votos, elegendo oito eurodeputados, seguido da AD (PSD/CDS-PP/PPM), que teve 31,12% dos votos e conseguiu sete mandatos.

Assistiram à cerimónia militar em Pedrógão Grande o presidente da Assembleia da República, Aguiar-Branco, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, o presidente da IL, Rui Rocha, e a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, e os líderes parlamentares do PSD, Hugo Soares, do Chega, Pedro Pinto, e do CDS-PP, Paulo Núncio.

Estiveram também presentes as chefias militares, presidentes de tribunais superiores, autarcas e vários membros do Governo, entre os quais os ministros de Estado e dos Negócios Estrangeiros, da Defesa Nacional, da Juventude e Modernização e da Administração Interna.