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Editorial

Vai ser preciso mais do que a mobilidade

Pela primeira vez, nas eleições europeias de ontem foi possível votar em mobilidade. Devido à existência de cadernos eleitorais desmaterializados, os eleitores puderam exercer o seu dever cívico em qualquer parte do País, sem certidões, nem complicações, sem terem de informar previamente ou fazer uma inscrição para irem votar fora da sua mesa de voto habitual, bastando-lhes apresentar um documento oficial de identificação com fotografia actualizada. Em boa hora. Finalmente os burocratas tiraram a cabeça da areia, simplificaram processos e deram um passo decisivo para que sejam abolidos os anacronismos inexplicáveis, os receios infundados e as teimosias que até podem servir interesses instalados, mas não acompanham a modernidade que também robustece a democracia.

Mesmo assim, mais de metade dos madeirenses continua distante da Europa que lhes vai dando mundos e fundos, intercâmbios e oportunidades, enquadramento e solidariedade. Mesmo assim, mais de seis em cada dez portugueses não quiseram contribuir para a casa comum, por mais apelos à urgência da participação que tivessem sido feitos. Ainda não foi desta que ligamos mais a estas eleições que, no entanto, “sendo sobre a Europa, são também sobre Portugal, sobre nós próprios: a nossa democracia, as nossas condições de vida, a nossa circulação, as nossas comunidades”. E ao contrário do que pediu o Presidente da República, ontem, muitos continuaram “a fazer de conta de que não há guerra, que nos é indiferente que dure pouco ou muito, ou o modo como acaba, que ela não nos toca a todos, nos preços, nos salários, no emprego, na incerteza sobre o nosso futuro”.

Vai ser por isso preciso adicionar outras virtudes aos processos eleitorais futuros, mesmo nas Autárquicas, para que o progresso ontem conseguido seja bem mais consequente, quer através da implementação do voto electrónico ou de outros mecanismos devidamente legislados e testados que tornem fácil aquilo que alguns decisores complicam.

Vai ser preciso que todas as forças concorrentes ao sufrágios e que as instituições envolvidas nos mesmos comuniquem melhor e de forma atempada.

Vai ser preciso que os ausentes entendam que entrar no jogo apenas quando dá jeito é uma reles prova de egoísmo.