Quem não está preocupado com crescimento da extrema-direita, está distraído, diz Jerónimo de Sousa
O ex-secretário-geral do PCP Jerónimo de Sousa avisou hoje que, quem não estiver preocupado com o crescimento da extrema-direita, "está distraído em relação a manifestações de agressividade muito grande" e de valores que "o povo português rejeitou".
Em declarações aos jornalistas à frente da Estação do Oriente, em Lisboa, onde está atualmente a decorrer um comício da CDU, depois de uma arruada em que participaram várias centenas de pessoas, Jerónimo de Sousa foi questionado se está preocupado com o crescimento do Chega e se pode ameaçar a CDU.
"Eu gosto muito de dizer que, quem não estiver preocupado, está distraído em relação a manifestações de agressividade muito grande, de trazer valores que o povo português rejeitou e repudiou, ao fim destes anos todos", respondeu.
Interrogado se está confiante de que a CDU conseguirá recuperar eleitores ao Chega, o antigo secretário-geral do PCP, que deixou a liderança do partido em 2022, disse que "a extrema-direita é sempre um perigo", mas, já anda na vida política há 50 anos e sabe que "há avanços e recuos, vitórias e derrotas".
"Faz parte da nossa vida coletiva e democrática. Portanto, há este misto, esta contradição de nos sentirmos bem com a democracia, com a paz, com a cooperação entre os povos, mas isso não invalida que estejamos atentos e, seja pela prática, pelo concreto, pelas medidas que o poder tomar - a Assembleia da República, o Governo, a Presidência da República -, transmitamos ao povo português a confiança de que isto vai lá", disse.
Já questionado sobre como é que assiste aos "novos tempos" que se vivem na Assembleia da República, Jerónimo de Sousa disse que, em 40 anos enquanto deputado, assistiu a "debates de grande envergadura, de confronto e conflitualidade democrática" que fez com que o parlamento tivesse "um papel central" na democracia portuguesa.
"Hoje as coisas estão diferentes - não vou dizer se para melhor ou para pior - mas aqueles grandes debates, que iam ao fundo das questões, com resultados de que muitas vezes se gostava ou não se gostava... Era um parlamento atuante, exigente, difícil, mas com nível de intervenção, de confronto das diversas bancadas. Acho que isso são tempos que já lá vão", considerou.
No final de uma arruada muito participada, que serviu de demonstração de força da CDU na reta final da primeira semana de campanha para as europeias, Jerónimo de Sousa disse ter ficado com "o palpite" de que a iniciativa mostrou uma "grande mobilização, empenhamento e esforço organizado" dos militantes da coligação.
Jerónimo elogiou o cabeça de lista da CDU às europeias, João Oliveira, salientando que tem sido um excelente candidato, que lhe provocou "tanta alegria" nos debates televisivos.
"Há razões para estarmos felizes pela prestação destes camaradas, num quadro muito exigente, muito difícil, num quadro internacional muito complexo. Há razões para ter confiança", disse.
Questionado sobre qual espera que seja o resultado da CDU, Jerónimo respondeu: "Sou muito ambicioso em relação ao resultado"
"O melhor é esperar, mas estou confiante", disse.