Chega alega que identidade de género não é um direito humano
O presidente do Chega, André Ventura, considerou hoje que a identidade de género não faz parte dos direitos humanos e afirmou que as crianças estão a ser expostas a "conteúdos sexualizantes" nas escolas públicas.
Em declarações aos jornalistas antes de uma visita à Feira do Livro, em Lisboa, inserida na campanha para as eleições europeias, André Ventura insistiu na proposta que já tinha defendera na última convenção do Chega, em janeiro, de retirar todos os apoios às associações relacionadas com identidade de género.
A intenção é, segundo Ventura, "reavaliar os mais de 400 milhões de euros que foram atribuídos e que estão embrulhados no meio da identidade e da ideologia de género, para garantir que nenhuma associação, escola ou outra entidade que patrocina a ideologia de género recebe dinheiro".
O Governo anterior inscreveu no Orçamento de Estado 426 milhões de euros para promover a igualdade de género, mas "apenas 9,2%" do total corresponde a este objetivo.
Indicando que o Chega pediu ao "Governo que discriminasse as verbas", Ventura defendeu que não o fez "porque tem interesse em misturar violência doméstica com ideologia de género".
O Chega fez uma hoje uma publicação nas suas redes sociais referindo que defende o fim dos apoios a associações de "ideologia de género em toda a Europa" e que com o partido no Parlamento Europeu, não "haverá nem mais um cêntimo do dinheiro público para qualquer associação que promova a ideologia de género".
No entanto, não há qualquer referência a este assunto no programa eleitoral do partido às eleições de 09 de junho.
"Temos de acabar com isto de que as crianças vão para a escola e lhes dizem que ser homem ou ser mulher é a mesma coisa e eles podem escolher. Não é, os portugueses não querem isso", afirmou, deixando um desafio: "Vamos fazer um referendo então, vamos perguntar aos portugueses".
Questionado se os direitos humanos são referendáveis, André Ventura respondeu que "aqui não são direitos humanos, são direitos de transformação, que não são humanos, são direitos de escolha".
O presidente do Chega classificou a questão como "disparates" e afirmou que "há ideologia de género nas escolas, há promiscuidade nas escolas, há perversão nas escolas"
André Ventura disse também que "as crianças estão a ser expostas a conteúdos sexualizantes e a par disso estão a ser expostas a conteúdos em que lhes dizem que se são mulheres podem ser homens, se são homens podem ser mulheres".
Ventura disse que isto acontece nos "conteúdos de cidadania e desenvolvimento" e, questionado sobre exemplos concretos, remeteu para as redes sociais e falou em "propaganda LGBT" e "um indivíduo a andar com as nádegas à mostra numa escola pública no Parque das Nações".
Questionado em que se traduz concretamente a "ideologia de género", o cabeça de lista do Chega disse que "é uma ideologia que visa destruir a sociedade e a família principalmente, visando de alguma forma utilizar conceitos que não são os conceitos" que o seu partido defende "e que vão prejudicar o saudável desenvolvimento da sociedade".
"Não é evidências científicas, é o que é. Se vão para as escolas dizer às criancinhas de três anos ou dois anos com educação sexual que não sabem se são meninos ou meninas, nós achamos isso absolutamente contranatura", afirmou.
Na mesma linha do líder, António Tânger Corrêa argumentou que isto acontece "nos programas em muitas escolas públicas", que incluem "educação sexual, não identificação do género, não identificação dos nomes de acordo com o género da pessoa, e por aí fora".
O candidato e vice-presidente do Chega defendeu igualmente que "identidade de género é um direito de cada cidadão, ser homem ou ser mulher".