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Ministro quer portugueses a olhar para Forças Armadas como carreira atrativa e não "como despesa"

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O ministro da Defesa defendeu hoje que os portugueses "não podem olhar para as Forças Armadas como despesa" mas sim como uma carreira atrativa que pode ser "geradora de bens e serviços", através de uma indústria militar "altamente rentável".

"As pessoas não podem olhar para as Forças Armadas como despesa, mas como uma carreira atrativa que pode também ser geradora de bens e serviços através de investimentos que são rentáveis", defendeu Nuno Melo, que intervinha na conferência "Europa, que futuro?", que integra o ciclo de "Conferências da RTP/ Sociedade Civil" e decorre hoje no Centro Cultural de Belém, assinalando o Dia da Europa.

O ministro da Defesa Nacional falava num painel no qual também participaram o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), general Nunes da Fonseca, a diretora do Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa (IPRI) e ex-secretária de Estado da Defesa, Ana Santos Pinto, e o fundador da tecnológica Tekever, Ricardo Mendes.

Nuno Melo sublinhou que "a indústria militar pode ser altamente rentável" e disse que esse setor é uma das prioridades do executivo minoritário PSD/CDS-PP.

"Ninguém deseja a guerra mas havendo guerra pelo menos que seja enfrentada com a melhor tecnologia", sustentou o ministro, que também apontou que a inovação no âmbito militar também pode ser utilizada em cenários de paz.

Nuno Melo salientou que falar em indústrias de Defesa é "seguramente falar em satélites, drones e munições mas também do têxtil, do vestuário e calçado", lembrando que as Forças Armadas utilizam fardas feitas de tecidos desenvolvidos num centro tecnológico em Vila Nova de Famailicão (CITEVE).

"[Este centro] desenvolve materiais, faz testes a propósito da resistência e do comportamento em diferentes cenários. E nisso nós somos muito bons. Portugal pode liderar coligações naquilo que façamos melhor do que os outros", afirmou.

Logo no início do painel, o ministro da Defesa foi questionado sobre se estava disposto a morrer pela pátria: "Morria, sem grande hesitação, é suposto", respondeu.

Já sobre se enviaria os seus filhos para a guerra, Nuno Melo afirmou que "faria tudo" para que tal não acontecesse, "mas tendo em conta que normalmente essa opção é tida na idade adulta a opção seria necessariamente individual".

"Eu acho que nenhum pai gostaria de ver um filho na guerra. Sendo ministro farei tudo o que poderei fazer à nossa escala para que não tenhamos que viver essa tragédia que muitos dos nossos pais e avós infelizmente tiveram que viver", afirmou.

Neste debate, a ex-secretária de Estado da Defesa Ana Santos Pinto considerou que a dimensão da indústria militar ou de Defesa "será provavelmente aquela que nos próximos cinco anos do mandato do Parlamento Europeu conhecerá desenvolvimentos muito significativos".

A diretora do IPRI salientou que, à semelhança do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), "o que acontece em termos de carência de financiamento para a Defesa é transversal aos 27 estados-membros e foi por isso que a Comissão chamou a si a componente das indústrias de Defesa" e quer transferir "tudo o que seja possível para a lógica do mercado único".

"E eu creio que Portugal tem que se preparar para isto antes alguém nos deixe o espaço vazio. Ou seja, nós temos que antecipadamente identificar onde queremos estar e perceber que há dois critérios: comprar europeu e comprar em conjunto com outros estados. Estes vão ser os critérios do financiamento, e se nós não escolhermos alguém vai escolher por nós", alertou.

Já Ricardo Mendes, fundador da tecnológica Tekever apontou que nas guerras da atualidade existem instrumentos muito mais económicos que eliminam equipamentos que "valem biliões" e salientou que nos últimos dois anos, na guerra da Ucrânia, apelidada por vezes como "guerra dos drones", a tecnologia já avançou bastante e passou "por fases diferentes".