Investidor defende que Amazónia é "questão mais relevante" entre o Brasil e o mundo
A Amazónia representa alguns dos maiores desafios e oportunidades para o Brasil numa altura em que a crise climática atinge o pico, afirmou o vice-presidente executivo da empresa brasileira VR Investimentos.
"A Amazónia é hoje a questão mais relevante entre o Brasil e o resto do mundo. É a mais proeminente nos meios de comunicação e até investidores", defendeu Sergio Gusmão Suchodolski, num painel sobre o Brasil na Conferência Global do Milken Institute, na quarta-feira, em Los Angeles.
"Tivemos anos difíceis com picos de desflorestação no governo anterior e até a ideia de não organizar a COP25. Agora temos uma oportunidade com a COP30", disse o empresário brasileiro sobre a 30.ª sessão da conferência das partes" da Convenção-Quadro da ONU para as Alterações climáticas.
"É uma grande oportunidade porque estamos a chegar a um ponto de inflexão na crise climática", salientou, referindo as cheias históricas no sul do país neste momento.
No painel, que contou também com o ex-ministro do Turismo brasileiro Vinicius Renê Lummertz e vários empresários, Suchodolski chamou a atenção para a oportunidade associada à preservação sustentável da floresta amazónica.
"A Amazónia é também uma oportunidade para investimentos", indicou, referindo que a região é um dos maiores clientes da Starlink, a empresa de Elon Musk que fornece internet via satélite.
Várias comunidades que há 20 anos tinham apenas madeireiros agora têm escolas e alunos, que estão em universidades de forma remota, pequenos hotéis e geradores elétricos. "São comunidades que estão conectadas com o mundo exterior via Starlink", referiu.
"Esta é uma nova realidade em que a tecnologia vai ao encontro de comunidades na floresta profunda (...) este é o futuro, unir tecnologia e pesquisa científica e especialmente a força das parcerias empreendedoras entre o Brasil e o exterior, para que a floresta se mantenha como o pulmão do mundo", acrescentou.
O florescimento tecnológico no Brasil e na América Latina foi o foco de várias sessões na 27.ª Conferência Global do Milken Institute, com a participação de diferentes empresários, antigos políticos e investidores que atuam na região.
Florian Hagenbuch, cofundador da Canary que nasceu na Alemanha mas cresceu no Brasil, disse que o cenário melhorou de forma substancial nos últimos anos.
"É possível construir empresas grandes e disruptivas na América Latina, tanto do ponto de vista do talento como do capital, o que não era verdade há 10 anos", afirmou, noutra sessão.
"Tem tudo a ver com o talento, que cresceu e amadureceu", considerou Scott Sobel, fundador do Valor Capital Group, cujos investimentos se focam no Brasil.
"Estamos super entusiasmados com as oportunidades macro que estão a acontecer", referiu, ecoando o otimismo dos outros oradores sobre o progresso no país.
Em especial, em relação aos serviços financeiros e ao papel do Banco Central brasileiro, que funciona de forma independente e tem alavancado a tecnologia para aumentar a participação financeira, sublinhou.
"O Brasil está na linha da frente", disse Sobel, mencionando a enorme adesão ao sistema de pagamento Pix, usado diariamente por mais de 40% dos brasileiros: "Isso está a ser impulsionado pelo Banco Central".
A 27.ª edição da Conferência Global do Milken Institute, que é por vezes referida como a "Davos do Ocidente", terminou na quarta-feira em Los Angeles, na costa oeste dos EUA.