Madeira, e que tal refletires sobre o teu futuro?
Passados 48 anos de vivência em Autonomia, dirijo-te estas palavras para te convidar a refletir sobre o futuro, o teu futuro, observando alguns resultados obtidos durante este longo período de emancipação. Sei que terás a tentação de me dizer que eras uma região muito atrasada e que muito evoluíste nas últimas décadas. Compreendo o que queres dizer, mas essa perceção de evolução, deve-se principalmente às infraestruturas construídas e essas, foram consequência da generosidade da União Europeia (UE) que te enviou dinheiro em quantidades que nunca havias visto. De tal modo, que até te espalhaste em algumas, de valor considerável, que hoje estão ao abandono, e para as quais, nos puseste a todos a pagar dívida. Dir-me-ás que ao nível da alfabetização da população os resultados são notáveis. E eu responderei “Nim”. Alfabetizou-se, mas os níveis de iliteracia, também eles são notáveis. Também podemos falar do Serviço Regional de Saúde, ou não o fazer, atendendo aos inaceitáveis tempos de espera que os pacientes têm de enfrentar. Ou na escassez de habitação, em relação à qual se ouve que terás mais 600 fogos até ao final do corrente ano. No entanto, é manifestamente pouco e mais uma vez é a bolsa da UE através do PRR que as financia. Madeira, minha cara, o que realmente interessa, é a evolução substancial, isto é, no que as pessoas sentem, que níveis de riqueza lhes chegaram, no que realmente mudou as suas vidas para melhor, em resultado do caminho que optaste por seguir. E a realidade, não é animadora. Concordarás que as pessoas não se alimentam do PIB, ou de outro tipo de indicadores económicos, os quais, para serem analisados seriamente, têm de ser peneirados de modo a garantir informação líquida. Deixo-te algumas perguntas para que medites: