Ministro da Defesa ouvido hoje no parlamento sobre serviço militar como pena para pequenos delitos
O ministro da Defesa vai ser hoje ouvido na Assembleia da República sobre as suas declarações acerca do serviço militar obrigatório como pena alternativa para jovens que cometam pequenos delitos, medida que entretanto Nuno Melo negou ter proposto.
A audição do presidente do CDS-PP, pedida pelo Chega e pela Iniciativa Liberal, está agendada para depois do plenário, pelas 18:00, na Comissão de Defesa Nacional.
Estes requerimentos foram apresentados depois de Nuno Melo ter defendido no passado dia 27 de abril, na 13.ª edição da Universidade Europa, em Aveiro, que o serviço militar obrigatório poderia ser uma alternativa para jovens que cometem pequenos delitos em vez de serem colocados em instituições que, "na maior parte dos casos, só funcionam como uma escola de crime para a vida".
A hipótese chegou a ser apoiada publicamente pela ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, que afirmou que Nuno Melo "obviamente falou em nome de todo o Governo". Contudo, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, quando questionado, recusou-se a abordar o tema.
Após duras críticas, nomeadamente das associações representativas de oficiais, sargentos e praças das Forças Armadas, que consideraram a ideia "peregrina" e "absurda", o Ministério da Defesa emitiu um comunicado no dia 30 de abril negando que Nuno Melo tenha anunciado o recrutamento de jovens delinquentes e referindo que a hipótese foi abordada em contexto meramente académico.
Dias depois, em declarações aos jornalistas à margem de uma visita à feira agropecuária Ovibeja, Nuno Melo disse ter vivido "24 horas de uma realidade paralela" por causa de uma "falsidade feita notícia".
"Eu vivi 24 horas de realidade paralela, com uma falsidade feita notícia e, depois, comentários durante 24 horas a essa notícia, uma ministra confrontada com o que eu nunca propus, o presidente [da República] confrontando com aquilo que eu nunca anunciei e aqui vamos, até ao momento em que finalmente o esclarecimento acabou por ser dado", afirmou Nuno Melo.
O governante frisou ter-se limitado a dar "uma resposta através de uma pergunta retórica a um aluno", no âmbito daquela sessão na universidade, a propósito daquilo "que as Forças Armadas também podem fazer em relação a alunos ou a pessoas em contexto desfavorecido".
Nuno Melo disse ter ficado "muito contente" com os requerimentos apresentados na Assembleia da República para esclarecimentos adicionais, algo que realçou que fará "com muito gosto".