Ilustração do acontecimento de Abril

A preparação para o acontecimento do 25 de Abril de 1974, começou quando a Juventude Operária Católica realizou o seu 1.° Congresso Nacional da JOC, em Abril de 1955, no salão das oficinas do Instituto Superior Técnico de Lisboa.

Do Funchal foram 21 dirigentes do sector feminino e 18 dirigentes sexo masculino.

Quem preparou o grande salão, para a realização do congresso, foram as/os dirigentes e militantes do Concelho do Funchal, com a orientação dos dirigentes das Direcções Gerais da JOCF e da JOC.

Os 18 rapazes arrumaram na cave do edifício, todo o equipamento oficinal e suas mesas de trabalho, de várias espécies e dimensões, nas caves do Instituto Superior Técnico de Lisboa, e foram às escolas católicas para transportarem 3.000 cadeiras para o grande salão do Instituto, ficando as raparigas para a limpeza, arrumação e ornamentação do grande pavilhão.

O Dr. Oliveira Salazar, que não permitia que o fundador da JOC de origem Belga, sob o domínio da França, viesse a Portugal, estando a Juventude Operária Católica a preparar o seu Congresso já a mais de um ano; todas a Direcções Diocesanas de Portugal e suas Ilhas Adjacentes: Madeira e Açores; insurgiram-se contra a ditadura de Salazar, escrevendo ao Cardeal Patriarca de Liboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, que o fundador da JOC, Padre Joseph Cardijn, tinha que estar presente no Congresso, porque já estava tudo programado.

Os temas estudados e debatidos foram: falta de habitação, para os trabalhadores operários viverem com dignidade; a eliminação dos bairros de lata, a falta de escolas: primária; secundárias e universidades, para a classe operária tirar os seus cursos preferidos.

A criação de legislação que protegesse a dignidade dos operários e das operárias, conforme a doutrina social da Igreja Católica; a criação de instituições de acolhimento das meretrizes, de forma a dar-lhes formação e instrução, para que se libertassem do jugo que as oprimia.

Como resultado das reivindicações propostas, foram criadas as telescolas, os cursos noturnos, e as leis laborais com direito às férias pagas.

Depois do Congresso da Juventude Operária Católica, os seus militantes começaram a se preocuparem mais com a situação dos sindicatos.

Na Ilha da Madeira, a Juventude Operária Católica começou a participar mais nos seus sindicatos: Sindicato dos Tipógrafos; Sindicato da Hoteleira; Sindicato do Funcionalismo Público; Sindicato dos Carregadores e Descarregadores; Sindicato dos Estivadores; Sindicato dos Empregados de Escritório e o Sindicato das Bordadeiras.

No DN de 27 de abril de 2024, página 5, com o título: “Contra a Venda do Hospital”; estando em destaque o seguinte: “Rodrigues defende integração na rede de cuidados continuados”, estando no princípio da primeira coluna o seguinte: “Temos 162 idosos por cada 100 jovens. Temos cerca de mil idosos à espera de lugar num lar e, portanto, não devemos vender o Hospital Dr. Nélio Mendonça após a conclusão do Novo Hospital Central e Universitário”.

Estando no fim, em letras maiúsculas a preto, sobre o fundo cinza, o seguinte: “ALBUQUERQUE REJEITA DECIDIR JÁ A FINALIDADE”.

É deveras preocupante, a situação de muitas famílias, não poderem cuidar dos seus familiares idosos, visto não terem as condições necessárias, para os poderem ajudar, visto não terem possibilidades financeiras para tal desiderato.

Compete aos governantes olharem para essas situações de pobreza extrema!

No DN de 28 do mesmo mês, página 4, em Agricultando, com o titulo: “A extinção do regime de colonia”, do ilustre Sr. Eng.° Joaquim Leça.

O Regime de Colonia, era um regime fora do tempo em 1962, pois os/as militantes dos movimentos da Acção Católica Rural, com as siglas: JAC; JACF; LAC; LACF, passaram a ter o R entre o A e o C, visto na Madeira e nos Açores, não haver só agrários, mas sim, de todas as profissões; passando a ser as classes de: Agrária e Rural. Sendo estes movimentos da Acção Católica Rural, os promotores para a extinção do regime de colonia.

Depois de os/as militantes da Acção Católica Rural tomarem consciência da injustiça social, a que estavam submetidos/as; foi realizado um Encontro dos e das militantes e seus dirigentes das secções de várias freguesias do Arquipélago da Madeira.

A realização Congresso teve lugar na Escola Industrial e Comercial do Funchal, hoje com o nome Escola Secundária Francisco Franco.

O Padre Jardim Gonçalves, era o assistente diocesano da JARC e da JARCF; Diretor do Jornal da Madeira, órgão que pertencia à Diocese do Funchal; Pe. coadjutor na Vila de Machico, que nos deixou um excelente apostolado, que foi convidado para a Diocese de Lisboa, pelo Bispo que esteve presente no Congresso realizado na Escola Industrial e Comercial do Funchal.

A partir do Congresso, as pessoas do meio rural, passaram a ter maio consciência dos seus direitos, na distribuição da produção, havendo maior justiça social.

Todos os movimentos da Acção Católica, tendo conhecimento da doutrina social da Igreja Católica: Rerum Novarum, do Papa Leão XIII, de 1890-91; a Quadragésimo Anno, de Pio XI, em !931; e a Gaudium et spes, do Concílio Vaticano II, convocado pelo Papa João Paulo XXIII.

Todos os movimentos da Acção Católica, que são: Os Agrários; os Estudantes; os Independentes; os Operários e os Universitários. Foram os promotores para a mudança do regime da ditadura salazarista em Portugal, sem causar mortes, pois foi a revolução dos cravos, e não das balas mortais, que foram usadas pela PIDE-Polícia de Investigação e Defesa do Estado.

José Fagundes