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Crónicas

Pescadinha de rabo na boca

A minha mãe não é perfeita. Eu não sou perfeita. Espero que as minhas filhas, se escolherem ser mães, não sonhem em escalar até essa categoria mitológica. É que ser mãe é tudo o que nos contam e romantizam e é, sobretudo, o que ninguém nos conta.

“Tens de apostar no autocuidado, tens de ir jantar fora, viajar, ir ao ginásio, tens de estar com energia para cuidares das miúdas.” Muitos aplaudirão: “é isso mesmo”, já eu digo: “não é nada disso!” Sim, gostava muito de jantar fora, de viajar, de ir ao ginásio e mil e uma outras coisas, só que a minha intenção, em qualquer uma dessas ações, será sempre a de sentir-me bem comigo própria, ou seja: sentir bem-estar físico, emocional, intelectual, e não para ter mais energia para cuidar das minhas filhas, isso será uma consequência natural. Portanto, este tipo de autocuidado apregoado é o que chamo de ‘pescadinha de rabo na boca’. Se querem mesmo ajudar uma mãe, parece-me mais útil proporem (e sobretudo, fazerem) coisas como: “deixa as crianças comigo e vai fazer nada!”, ou “a que horas posso ir ter a tua casa, quero pôr em prática o que aprendi sobre arrumação de roupeiros e gavetas, mas quero-te fora de casa, vai passear”… exemplos não faltarão. Libertem as mães para que possam ser apenas mulheres. Não para que ganhem mais energia para continuar a cuidar dos filhos, de tudo e mais um par de botas!

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