Acordo aceite pelo Hamas inclui trégua em três fases e libertação de reféns
A proposta de trégua hoje aceite pelo grupo islamita palestiniano Hamas inclui um cessar-fogo em três fases e a libertação dos reféns na Faixa de Gaza, mas terá ainda de ser aprovada por Israel, segundo fontes próximas das conversações.
Citadas pela agência de notícias espanhola Efe a coberto do anonimato, as fontes indicaram que na primeira fase será aplicada uma suspensão das hostilidades por 40 dias com possibilidade de prorrogação, bem como a retirada das forças israelitas para o leste da Faixa de Gaza e para longe das áreas densamente povoadas
A proposta apresentada pelo Egito e o Qatar prevê também o regresso dos deslocados às suas casas, segundo o canal televisivo qatari Al-Jazeera e a estação de televisão estatal egípcia Al-Qahera News, muito próxima dos serviços secretos do país norte-africano.
A partir do primeiro dia do cessar-fogo, o Hamas libertaria três reféns de três em três dias, ao passo que Israel libertaria "um número correspondente de prisioneiros palestinianos", ainda por acordar.
Por sua vez, o membro da direção política do Hamas Jalil al-Haya disse à Al-Jazeera que a segunda fase do acordo inclui "o fim permanente das operações militares" de Israel na Faixa de Gaza.
O responsável do movimento islamita indicou igualmente que na segunda e na terceira fases do acordo se realizariam negociações indiretas com Israel, através da mediação do Egito e do Qatar, sobre "as condições" para as próximas trocas de reféns por prisioneiros palestinianos.
Acrescentou ainda que "a bola está agora no campo dos ocupantes israelitas", que terão de decidir se aceitam ou não os termos do acordo apresentado pelo Egito e pelo Qatar.
"Aguardamos a resposta dos ocupantes à nossa aprovação da proposta de cessar-fogo", disse o dirigente do Hamas.
Até agora, desconhece-se ainda a posição oficial das autoridades israelitas, embora, segundo meios de comunicação social como a rádio pública Kan e o Canal 12, de notícias, o acordo aceite pelo Hamas não tenha 'luz verde' de Israel.
Citando responsáveis governamentais israelitas, esses 'media' indicaram que a proposta que o Hamas aceitou foi feita unilateralmente pelo Egito e não está a ser considerada por Israel até que sejam esclarecidos os respetivos pormenores.
Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para erradicar o Hamas depois de este, horas antes, ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis.
O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- fez também 250 reféns, 128 dos quais permanecem em cativeiro e pelo menos 35 morreram entretanto, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.
A guerra, que hoje entrou no 213.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza cerca de 35.000 mortos, mais de 77.000 feridos e milhares de desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com números atualizados das autoridades locais.
O conflito fez também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.