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Madeira

Arquitectos querem Madeira como exemplo na regulamentação de carreira própria

Números da Ordem dos Arquitectos dizem que a Madeira é a região do País com maior número de arquitectos na administração pública

Susana Neves acompanhada de Avelino Oliveira, presidente do Conselho Directivo Nacional da Ordem dos Arquitectos.
Susana Neves acompanhada de Avelino Oliveira, presidente do Conselho Directivo Nacional da Ordem dos Arquitectos., Foto ML

O presidente do Conselho Directivo Nacional da Ordem dos Arquitectos entende que a Madeira, fazendo valer a sua autonomia, poderá vir a servir de exemplo para o País na regulamentação de uma carreira própria para os arquitectos.

Isso mesmo vincou Avelino Oliveira, à entrada para a Encontro dos Arquitectos da Administração Pública, iniciativa promovida pela Ordem dos Arquitectos (OA) que vai na sua terceira edição e que acontece, hoje, pela primeira vez, no Funchal, na sede da Secção Regional da Madeira da Ordem dos Arquitectos.

A iniciativa que junta perto de seis centenas de arquitectos, maioritariamente afectos à administração pública, visa, precisamente, debater a necessidade de estruturação de uma carreira própria para os arquitectos dentro do funcionalismo público, atendendo ao conjunto de alterações legislativas que colocam, conforme lembrou o representante da classe a nível nacional, responsabilidades acrescidas a estes profissionais.

Avelino Oliveira fala mesmo em “matérias que podem ser lesivas do interesse público, por via do trabalho dos arquitectos”, aspectos que a Ordem pretende contrariar.

Estamos a meio de um processo de alteração legislativa que, quer os arquitectos que trabalham em ateliers, quer os colegas da administração pública, têm vindo a adaptar-se e têm feito um enorme trabalho para que o desígnio do País, as políticas em curso e o aproveitamento dos fundos comunitários seja o melhor possível e que vá ao encontro de que consigamos melhorar as nossas cidades, consigamos melhorar a qualidade do espaço público, atinjamos as metas ambientais pretendidas e desenvolvamos uma arquitectura cada vez de maior qualidade. Avelino Oliveira, presidente do Conselho Directivo Nacional da Ordem dos Arquitectos

Para que isso aconteça, entende o presidente do Conselho Directivo Nacional da Ordem dos Arquitectos, “é preciso termos uma profissão cada vez mais qualificada e a prática profissional tem de ser desempenhada em condição de grande estabilidade, o que nem sempre acontece”, sustenta.

Aos jornalistas, Avelino Oliveira salientou a necessidade de ser pensada uma carreira própria para os arquitectos ligados à administração pública, acompanhando a crescente exigência que se coloca a estes profissionais. “Eles têm uma responsabilidade social acrescida e civil”.

Os números que temos indicam-nos que a Madeira é a região do País com maior percentagem de arquitectos na administração pública. Sendo a Madeira a região com mais arquitectos percentualmente, significa que também deve ser olhada para essa parte com particular atenção. Devem ter uma progressão de carreira adequada e devem sentir que o seu trabalho é importante e reconhecido pela população. Avelino Oliveira, presidente do Conselho Directivo Nacional da Ordem dos Arquitectos

À semelhança do que já aconteceu com outras carreiras profissionais, a Ordem dos Arquitectos espera que a Região, fazendo uso da sua autonomia, possa “dar um exemplo ao continente”.

Idêntica opinião é partilhada por Susana Neves. A presidente da Secção Regional da Ordem dos Arquitectos lamentou a desvalorização da profissão, salientando "os temas muito quentes" que se prendem com a "actualidade do arquitecto da administração pública", colocando o foco no que diz ser a "maior responsabilização naquilo que é pedido aos arquitectos". 

Recordando a alteração da lei das ordens profissionais, a responsável regional fala em "problema acrescido", pela desadequação da realidade da profissão. 

Queremos melhores condições de trabalho, nomeadamente vencimentos adequados à nossa responsabilidade, e uma justa progessão da carreira. Em relação aos arquitectos que não trabalham na administração pública queremos a dignificação da profissão e não queremos ser o parente pobre ou estar à margem. Nós sentimos que somos o elo mais fraco e que toda a responsabilidade está muito em cima dos nossos ombros. Susana Neves, presidente da Secção Regional da Ordem dos Arquitectos

E essa fragilidade da profissão acaba por se reflectir na qualidade da arquitectura que vemos à nossa volta, sustenta Susana Neves. No seu entender, "o 'Simplex' promove um embargo de obras e não promove a verdadeira qualificação da paisagem", que passa pela por "um projecto cuidado e uma análise cuidada desse mesmo projecto". 

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