Alunos da UMa querem fim das propinas e pretendem ser ouvidos nas decisões
O presidente da Associação de Estudantes da UMa não poupou nas críticas e deixou várias reivindicações na sessão comemorativa dos 36 anos da instituição
Manifestação silenciosa chamava a atenção para problemas com que se debate a Universidade da Madeira, em parte por falta de verbas. Ministro da Educação falou com alguns estudantes para se inteirar do motivo desta tomada de posição.
Ricardo Freitas Bonifácio não foi brando nas críticas aos governantes, de cá e de lá, à reitoria e aos gestores da Universidade da Madeira (UMa) e não se poupou a esforços nas reivindicações para maior envolvimento dos alunos nas tomadas de decisão que implicam o futuro da instituição, a qualidade do ensino e o apoio da Acção Social.
O presidente da Associação Académica da UMa voltou a pedir o fim das propinas, que entende serem “um entrave no acesso e na frequência do ensino superior”, sustentando que o mesmo não se faz sem financiamento, pediu atenção aos apoios sociais facultados aos estudantes, bem como alertou para o peso financeiro que a UMa terá de suportar com as obras que decorrem actualmente para aumento do número de camas das residências universitárias.
“Se no quadro do Plano Nacional para o Alojamento temos três obras previstas, como herança ficará na verdade o peso financeiro para o funcionamento e manutenção destas três importantes obras, que perante o quadro orçamental atual será incomportável. Os sistemas de acção social não vivem ou sobrevivem com as atuais dotações, seja em Lisboa ou no Funchal. Com a sua missão social, as suas receitas no campo da alimentação e do alojamento não permitem a sua viabilidade para sustentar, por obrigação legal, um sistema que não é viável sem a compensação adequada do Estado. No quadro da acção social, falarmos da sua missão no desporto, na cultura e na saúde é estarmos calados pois, se no alojamento e na alimentação não há possibilidade de funcionamento adequado, os outros campos são inexistentes”, sustentou, focando as lacunas que precisam ser superadas.
O representante da classe estudantil salientou que “a UMa deve ser uma escolha, principalmente, pela qualidade dos seus cursos e dos seus professores e investigadores”. Não esquecendo o aumento do número de alunos no presente ano lectivo, Bonifácio focou a diminuído do número de alunos inscritos em mestrados e doutoramentos, aproveitando, de caminho, para questionar o que tem feito a Universidade para perceber as causas desse problema e que medidas têm sido colocadas no terreno para o corrigir. No âmbito dessas acções, pede o presidente da Associação Académica, têm de ser ouvidos os alunos.
Quando, onde e como a UMa tem discutido estes problemas? Como fixar os estudantes de licenciatura nos nossos mestrados e doutoramentos e também atrair outros? Os dados têm sido difíceis de obter e a sua discussão ampla não tem acontecido. Senhoras e senhores professores, sejam exigentes com os nossos dirigentes. Nem tudo se resolve com dinheiro, não deixemos que a falta de orçamento seja a única justificação para as áreas em que estamos a falhar. Ricardo Bonifácio, presidente da Associação de Estudantes da Universidade da Madeira
Mas a UMa não se faz sem professores, por isso, Ricardo Bonifácio fez questão de apontar, também, a precariedade que existe em alguns vínculos da instituição com os docentes, bem como com investigadores e bolseiros.
"A classe docente está precária. Vários dos vossos colegas da UMa não têm segurança e proteção laboral, perspectivas de carreira e, tal como vocês, estão mergulhados em burocracia, divididos entre a componente letiva e de investigação. Pressionados pela necessidade feroz de financiamento, de avaliações, de publicar com impacto para garantir pontuações e pagar às editoras que, mundialmente, fazem um negócio milionário que tem ditado, em muitos casos, o rumo da investigação", disse.
Manifestação silenciosa acha a atenção para “reivindicações prementes”
No pátio do Colégio dos Jesuítas, cerca de duas dezenas de estudantes da Universidade da Madeira aproveitaram a sessão solene comemorativa dos 36 anos da instituição para se manifestarem silenciosamente, empunhando cartazes, com o que dizem ser “reivindicações prementes” para o bom funcionamento do ensino superior.
Ricardo Bonifácio explicou aos jornalistas os objectivos desta manifestação, que despertou a atenção do Ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, tendo o próprio conversado com alguns dos manifestantes. Na base dos problemas apontados está a falta de dinheiro da instituição, que leva a que sejam descurados alguns aspectos que implicam, directamente, com a vida dos estudantes.
“A Universidade da Madeira continua, ano após ano, a ser prejudicada no seu financiamento pela sua insularidade e ultraperiferia. Sem um financiamento adequado e da qualidade que a Universidade da Madeira merece, não consegue se desenvolver, não consegue funcionar em plenitude, e, depois, os estudantes saem prejudicados, quando nem quase condições têm para estarem a estudar e no seu processo de aprendizagem”, reforçou o representante dos alunos.