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Madeira

Navio para investigação (e não só) terá entre 36 e 41 metros

O concurso público foi hoje lançado. Tem qualificação prévia e preço base de 14 milhões, mais IVA

Esta é a imagem que a ARDITI criou do navio. Será ainda desenhado e construído.
Esta é a imagem que a ARDITI criou do navio. Será ainda desenhado e construído.

Foi publicado hoje o concurso internacional por prévia qualificação para aquisição do navio de investigação, polivalente, para a Região, um procedimento que decorre através da ARDITI - Agência Regional para o Desenvolvimento da Investigação, Tecnologia e Inovação e financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência.

Este é um dos projectos maiores de sempre do Observatório Oceanográfico da Madeira, estando o Governo Regional disponível para avançar nesta fase com 14 milhões de euros (mais IVA) como preço base para a compra desta embarcação que terá entre 36 e 41 metros de comprimento e até 500 toneladas de arqueação bruta. O objectivo principal é tirar maior partido da vasta área marítima da Madeira. Vai operar em vários domínios.

O Projecto Tecnologias Oceânicas (C10-i06-RAM), assim está identificado, pretende dotar a Região de “um navio de investigação polivalente energeticamente eficiente, destinado à investigação e formação em águas pouco profundas em torno das ilhas do Arquipélago da Madeira e em mar alto”. Este investimento, revela a Agência, incluirá igualmente a aquisição de três veículos autónomos não tripulados, a fim de permitir um maior número de dias no mar no Atlântico Norte para fins de investigação marinha, bem como a recolha de dados acústicos de elevada qualidade em comparação com outros métodos de investigação tradicionais”.

Depois de adjudicada a compra, o vencedor do concurso internacional terá dois anos para proceder à concepção, construção e entrega. A embarcação deverá estar na Região ainda em 2026. O contrato prevê ainda a prestação de serviços de formação de operação.

O contrato está estruturado em sete fases, uma primeira de desenvolvimento e entrega do projecto do navio para aprovação às entidades nacionais competentes e à Sociedade de Classificação; a segunda de assentamento da quilha; a terceira de embarque dos motores principais; e a quarta de fecho do casco. O lançamento do navio à água; o navio pronto a flutuar, após conclusão das provas de conformidade em mar e devidamente certificado para operar; e a entrega e receção do navio no estaleiro do construtor são as fases cinco, seis e sete.

O navio deverá ser polivalente, energeticamente eficiente e dotado da melhor tecnologia disponível com o menor impacto ambiental. Além de autonomia para pelo menos dez dias, deverá ter, segundo o caderno de encargos, “amplas áreas de convés de trabalho, laboratórios húmidos e secos, espaços de armazenamento ao ar livre, tanques (água e combustível), casas de máquinas, uma casa do leme com vista de 360 graus, e equipado com gruas, guinchos e pórtico para viabilizar a recolha e o lançamento dos veículos e de vários equipamentos”. Além disto, constam nas características da embarcação a desenhar e construir a colocação de motorização energeticamente eficiente e com vários sistemas de comunicação de satélite, WiFi e rádio. Este barco deve permitir “a manutenção, abastecimento dos veículos autónomos não tripulados, tratamento e armazenamento de amostras e de dados e ter capacidade para alojar no mínimo noive embarcados durante pelo menos 15 dias”, estipula a ARDITI.

O navio servirá de plataforma de investigação em toda a Zona Económica Exclusiva da Madeira, incluindo em torno das Ilhas Selvagens, sublinha o documento. As possíveis actividades elencadas são várias. São exemplos o apoio à investigação, à remoção de lixo marinho e estudo da sua dispersão; apoio à Direcção Regional do Ambiente e Acção Climática, nomeadamente na monitorização da qualidade das massas de água costeiras; cooperação com entidades nacionais e internacionais no âmbito científico e não só; apoio logístico às áreas marinhas protegidas da Região; operar no controlo de pescas; apoio à actividade aquícola em offshore; combate a incêndios em embarcações, apoio a reparações de navios com mergulhadores e operações de busca e salvamento; transporte marítimo em alturas críticas dentro do Arquipélago e apoios a eventos desportivos náuticos, entre outros.

Rui Miguel Andrade Caldeira, presidente do conselho de administração da ARDITI, ficará directamente responsável por este projecto.