Paupério diz que direita portuguesa vai "dar-se muito mal" no Parlamento Europeu
Francisco Paupério, "número um" do Livre às europeias, afirmou hoje que a direita portuguesa vai "dar-se muito mal" no Parlamento Europeu por divergências com os grupos políticos que integram, voltando a criticar o novo pacto de migração e asilo.
"Os partidos mais à direita vão dar-se muito mal no Parlamento Europeu, visto que são muito contrários às posições dos grupos políticos em que se encontram", apontou o cabeça de lista do Livre às eleições de 09 de julho.
Exemplo disso é a forma como os candidatos têm falado sobre o novo pacto europeu matéria de migração e asilo, continuou, afirmando que apesar de algumas críticas levantas nos últimos dias, durante os debates televisivos, "votaram todos a favor".
"Queremos que haja coerência e não haja apenas intenções e promessas eleitorais e depois chegarem ao Parlamento Europeu e votarem contra tudo aquilo que disseram nesta campanha eleitoral", apelou.
Sublinhando a convergência com os Verdes Europeus, Francisco Paupério disse ainda, sobre o pacto de migração e asilo, que sabia, desde o início, que era contra, defendendo, por outro lado, o reforço de fundos europeus para a inclusão.
A esse respeito, voltou a olhar para Portugal e manifestou-se preocupado com a situação na Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), que vai agravar-se com os pedidos de saída uma centena de funcionários, noticiados hoje pelo jornal Expresso.
"Pedimos ao Governo, que fez um plano de emergência para a saúde, que faça também um plano de emergência para a AIMA. Que contrate funcionários para trabalhar na AIMA, para solucionar rapidamente este caso", defendeu o candidato do Livre.
Em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita ao Banco Português de Germoplasma Vegetal, em Braga, Francisco Paupério responsabilizou o executivo e voltou a apontar o dedo aos partidos portugueses que, em Bruxelas, apoiaram o novo pacto europeu, aprovado em abril.
Na primeira ação do quinto dia de campanha, dedicada à investigação cientifica e biodiversidade, o "número um" do Livre defendeu mais investimento europeu na ciência e sublinhou a importância do trabalho feito naquele banco em Braga que, com uma equipa de apenas 20 pessoas, é responsável pela conservação genética de cerca de 200 espécies.
"Infelizmente, os recursos europeus não vão para a conservação dos recursos genéticos que são tão importantes, que podem fazer face às alterações climáticas, ajudar os agricultores locais a terem melhores colheitas, maior segurança alimentar, e daí ser tão importante conservar estes locais.
A primeira colheita, explicou a diretora, Ana Maria Barata, foi feita há mais de 40 anos e o Banco Português de Germoplasma Vegetal é hoje um dos maiores do mundo, mas faltam pessoas.
"Precisamos de financiamento para recursos humanos e para a parte tecnológica. Ainda estamos aquém daquilo que desejamos para este tipo de banco e para este tipo de ciência", defendeu Francisco Paupério, alertando que, por consequência das alterações climáticas e da perda de biodiversidade, "a segurança alimentar está em perigo e são estes tipos de bancos que vão proteger-nos".