Educação Financeira – Uma Urgência Europeia
No dia 14 de maio, o Conselho Europeu tomou uma decisão importante para enfrentar os preocupantes níveis de iliteracia financeira no bloco europeu,
refletidos pelos resultados do Eurobarómetro de 2023. Portugal encontra-se em penúltimo lugar na tabela de literacia financeira da União Europeia, apenas à
frente da Roménia, o que destaca uma grave lacuna na educação financeira do país.
Para combater esta situação, o Conselho Europeu recomendou a integração da educação financeira como disciplina obrigatória nos currículos escolares, começando aos seis anos de idade. Esta medida tem como objetivo introduzir conceitos-chave e competências financeiras adequadas para cada faixa etária, preparando os jovens para os desafios futuros. A recomendação respeita as disposições constitucionais e as particularidades de cada sistema educativo, pedindo aos Estados-membros que desenvolvam ou facilitem a criação de programas de literacia financeira, tanto tradicionais quanto digitais,
complementados por materiais didáticos e atividades lúdicas.
O Conselho Europeu destacou também a necessidade de estratégias inclusivas que atendam às necessidades dos adultos financeiramente vulneráveis, como pessoas de baixos rendimentos, migrantes, indivíduos com deficiências e idosos, que enfrentam riscos maiores de exclusão financeira e
fraudes.
A implementação destas medidas deve ser acompanhada de um rigoroso processo de monitorização e avaliação para medir o impacto das iniciativas e
ajustar as estratégias conforme necessário. A partilha de melhores práticas e a cooperação com organizações internacionais devem ser vistas como elementos
essenciais para o progresso contínuo.
O combate à iliteracia financeira não necessita de mais planos; precisa de ação concreta. É necessário um compromisso sério e sustentado com a educação financeira, que comece na escola e se estenda a toda a sociedade.
Este compromisso permitirá capacitar os cidadãos a fazer escolhas financeiras mais informadas, promover a estabilidade financeira individual e contribuir para uma Europa economicamente resiliente e próspera.
É fundamental que os portugueses aproveitem esta oportunidade para construir um futuro financeiramente mais consciente e seguro. A verdadeira prova da eficácia desta decisão estará na sua implementação prática, que requer um esforço concertado de governos, escolas, famílias e da sociedade em geral.
Somente assim será possível reverter a tendência atual e criar um ambiente onde todos os cidadãos possam fazer escolhas financeiras sábias e informadas.
José Augusto de Sousa Martins