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A Guerra Mundo

Hamas quer fechar acordo mas acusa Netanyahu de tentar impedir trégua

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O movimento islamita palestiniano Hamas revelou hoje que vai este sábado ao Cairo para "continuar as discussões" sobre a proposta de trégua com Israel e para "chegar a um acordo", depois de acusar o primeiro-ministro israelita de tentar impedi-lo.

"Vamos ao Cairo com espírito positivo para chegar a um acordo", frisou o Hamas, em comunicado, garantindo determinação, juntamente com outros grupos palestinianos, em obter "um cessar total da agressão israelita", a "retirada das forças de ocupação israelitas" e "um acordo sério para a troca" de reféns israelitas por prisioneiros palestinos.

Um alto responsável do Hamas confirmou à agência AFP que uma delegação liderada por Khalil al-Haya, membro do gabinete político, estará este sábado de manhã no Cairo "para continuar as negociações sobre o cessar-fogo".

Os mediadores - Egito, Qatar e Estados Unidos - aguardam no Cairo a resposta do Hamas a uma proposta de trégua apresentada no final de abril, que inclui uma pausa na ofensiva israelita e a libertação de palestinianos detidos em troca da libertação de reféns sequestrados durante o ataque sem precedentes do movimento palestino em 07 de outubro no sul de Israel, que desencadeou a guerra.

O Hamas já tinha acusado Benjamin Netanyahu de tentar obstruir os esforços para uma trégua na devastadora guerra em Gaza, alimentando dúvidas sobre um rápido acordo de cessar-fogo.

No sétimo mês de guerra, continuam os bombardeamentos diários israelitas na Faixa de Gaza, ameaçada pela fome.

Os ataques, que causaram 26 mortos nas últimas 24 horas, de acordo com o Ministério da Saúde, controlado pelo Hamas, visaram principalmente Rafah, uma cidade no sul do território palestino sitiado onde Netanyahu quer lançar uma ofensiva terrestre para aniquilar as últimas brigadas do movimento islamita palestiniano.

Para Hossam Badran, membro do gabinete político do Hamas, as declarações de Netanyahu sobre um ataque em Rafah "visam claramente inviabilizar qualquer possibilidade de acordo".

O Hamas, que assumiu o poder em Gaza em 2007, mantém as suas exigências antes de qualquer acordo, um cessar-fogo definitivo e uma retirada total das forças israelitas de Gaza. Israel recusa esta proposta.

As mais recentes declarações colocam em dúvida a rápida conclusão de um acordo com vista a um cessar-fogo, apesar dos esforços da comunidade internacional, especialmente dos Estados Unidos, principal aliado de Israel.

Durante uma visita ao Médio Oriente esta semana, o Secretário de Estado Antony Blinken apelou ao Hamas para aceitar a oferta de trégua e também instou Israel a abandonar a ofensiva em Rafah, onde vivem cerca de 1,2 milhão de palestinos, a maioria deslocados.

A ONU e muitos países dizem temer pela população civil no caso de um ataque israelita e o líder da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que "uma operação militar em grande escala em Rafah poderia levar a um banho de sangue".

A ajuda internacional, estritamente controlada por Israel, chega aos poucos, principalmente do Egito através de Rafah, mas continua a ser muito insuficiente dadas as imensas necessidades de cerca de 2,4 milhões de habitantes de Gaza.

Confrontados com dificuldades na entrega de ajuda por via rodoviária, vários países estão a lançar alimentos em Gaza por via aérea. Mas hoje, um porta-voz da defesa civil de Gaza, Mahmoud Bassal, revelou que caíram pacotes sobre civis, matando um e ferindo vários.

Também hoje, o Governo israelita confirmou a morte do refém Dror Or, de nacionalidade portuguesa cujos dois filhos, também sequestrados durante o ataque do Hamas, foram libertados no final de novembro, durante a única trégua desde o início da guerra.

O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, o Governo português e o embaixador de Israel em Lisboa, Dor Shapira, lamentaram a morte de Dror Or.