Desalento
Na cabeça o meu Cabo das Tormentas ,
Na boca o sabor a fel da tristeza,
No espírito as dúvidas peçonhentas,
Nos passos o vacilar da incerteza.
No coração uma dor excruciante,
Na alma o vazio da vã esperança,
No peito o peso do mal asfixiante,
Na vida a erosão da intemperança.
Nas cegas crenças a ilusão visceral,
Nas acções um ácido primitivismo,
Na guerra um imposto ódio mortal,
Na política a falta de humanismo.
Na Humanidade vive a desilusão,
No ar o sopro perene da maldade,
No poder germina o germe da traição,
Na sociedade jaz a desigualdade.
Onde poderá residir a nossa salvação?
Asdrubal Vieira