Trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Machico em greve exigem aplicação do contrato de trabalho
Mais de 50% dos trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Machico, na Madeira, estão hoje em greve, exigindo a aplicação do contrato coletivo de trabalho negociado para as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS).
Os funcionários estão a reivindicar, desde o ano passado, a aplicação do contrato de trabalho, com efeitos a julho de 2022 e com os correspondentes retroativos da tabela salarial, pagamento de diuturnidades e subsídio de refeição, entre outras matérias.
Em declarações à agência Lusa, Maria José Afonseca, dirigente da delegação regional do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), salientou que a instituição não está a pagar subsídio de refeição e só pagou as diuturnidades em abril, depois de já ter prometido que pagaria nos meses anteriores.
A Santa Casa da Misericórdia paga apenas o salário mínimo regional, ao qual acresce o subsídio de turno para os trabalhadores que os fazem, referiu.
Maria José Afonseca referiu ainda que este mês, sem consultar o sindicato e os trabalhadores, a instituição decidiu alterar os horários de trabalho para não pagar este subsídio de turno.
"Aquilo que a instituição está a fazer é ilegal, não pode alterar os horários de trabalho, as trabalhadoras foram contratadas para turnos e sempre fizeram turnos. Os turnos não são a melhor coisa, mas é algo que vem acrescentar ao salário, se não só levavam para casa o salário mínimo regional", afirmou.
Dezenas de trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Machico manifestaram-se hoje no Funchal e entregaram o caderno reivindicativo ao Governo Regional da Madeira (PSD/CDS-PP), que se encontra atualmente em gestão.
"O caderno reivindicativo já foi aprovado e enviado em setembro de 2023, portanto é do conhecimento já de ambas as partes. Aquilo que se exige do Governo [Regional] é a tomada de medidas, as trabalhadoras não estão a exigir mais do que aquilo que têm direito", realçou.
De acordo com a dirigente sindical, mais de 50% dos cerca de 100 funcionários da instituição estão em greve, estando apenas a ser cumpridos os serviços mínimos impostos.
Esta é a terceira paralisação que estes trabalhadores cumprem desde dezembro.
"É lamentável que neste setor as trabalhadoras sejam elogiadas pelo trabalho que fazem e desvalorizadas no seu valor, no pagamento do seu trabalho", criticou a dirigente do CESP.