Projecto "Mais Contigo" que promove a saúde mental em risco por falta de financiamento
A iniciativa trabalha com várias escolas e já interveio junto de centenas de alunos na Madeira desde 2021
O projecto 'Mais Contigo', que se caracteriza "pela promoção da saúde mental e do bem-estar em meio escolar, e tem como principais objetivos a prevenção de comportamentos suicidários, o combate ao estigma em saúde mental e a criação de uma rede de atendimento em saúde mental", está a ser reforçado na Madeira em termos de intervenção, mas corre o risco de continuar no futuro, por falta de financiamento.
O programa foi implementado na Região Autónoma em 2021, "pela mão da Unidade de Saúde da Sagrada Família das Irmãs Hospitaleiras, responsável pela sua coordenação" e "este ano, o programa na RAM faz três anos de implementação, um programa que tem vindo a crescer, e tem demonstrado pertinência e ganhos na prevenção dos comportamentos da esfera suicidária, abrangendo cada vez mais alunos e escolas (2021 – 128 alunos/4 escolas; 2024 – 480 alunos/11 escolas)", enumera uma nota de imprensa divulgada esta sexta-feira.
"Os nossos parceiros na região são o SESARAM, EPERAM (Direção de Enfermagem e Serviço de Pedopsiquiatria), da Secretaria Regional de Educação, Ciência e Tecnologia e da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, e ainda com o apoio da Secretaria Regional de Saúde e Proteção Civil, através do IA Saúde, IP-RAM", identifica, sendo que o 'Mais Contigo' "oferece uma intervenção em rede, que inclui para além dos alunos e dos profissionais de saúde, os encarregados de educação, os professores e assistentes operacionais das escolas. Este ano letivo foram envolvidos cerca de 220 professores e Assistentes Operacionais e 60 pais/Encarregados de Educação. Envolve também as estruturas já existentes, criando sinergias ao nível comunitário, sendo um custo-benefício para a promoção de saúde mental e prevenção de comportamentos suicidários em meio escolar", justifica.
Este é, frisam, "um programa de intervenção e investigação longitudinal baseado numa intervenção multinível em rede, que apresenta como objetivos específicos a promoção de competências sociais, o autoconceito e a capacidade de resolução de problemas, o desenvolvimento da assertividade na comunicação, a melhoria na expressão e gestão de emoções, a detetação precoce de situações de distúrbio mental e o fortalecimento das redes de apoio nos serviços de saúde".
Já no segundo ano de implementação do programa 'Mais Contigo' na RAM (ano letivo 2022/2023), "estiveram envolvidas cinco escolas: Escola B+S Gonçalves Zarco; Escola 2º e 3º Ciclos dos Louros; Escola B+S Bispo D. Manuel Ferreira Cabral; Escola Básica com Pré-Escolar Dr. Eduardo Brazão de Castro e Escola 2º e 3º Ciclos Dr. Horácio Bento de Gouveia, num total de 193 adolescentes abrangidos e envolvidos 10 profissionais de saúde" e neste ano letivo 2023/2024, "deu-se continuidade ao programa nas escolas: Escola B+S Gonçalves Zarco; Escola B+S Bispo D. Manuel Ferreira Cabral; Escola 2º e 3º Ciclo dos Louros; Escola Básica com Pré Escolar Dr. Eduardo Brazão de Castro; Escola Básica 2º e 3º Ciclos Dr. Horácio Bento de Gouveia e implementou-se o programa em sete novas escolas: Escola 2º e 3º Ciclos Bartolomeu Perestrelo; Escola Básica e Secundária da Ponta do Sol; Escola 2º e 3º Ciclo do Caniçal; Escola Básica e Secundária/PE da Calheta; Escola Básica do 2º e 3º Ciclo do Caniço; Escola Básica 2º e 3º Ciclos Dr. Alfredo Ferreira Nóbrega Júnior e Escola Dr. Luís Maurílio da Silva Dantas, abrangendo cerca de 480 alunos", aponta.
A dinamizar o projecto estão "22 profissionais com o apoio do coordenador regional do projeto, o enfermeiro André Barreto, da Unidade de Saúde Sagrada Família, que agradece a todos os envolvidos no programa, pelo profissionalismo, dedicação demonstrados na intervenção com os jovens. Salienta que a saúde mental é um pilar para o desenvolvimento íntegro e equilibrado do ser humano, desde o nascimento até ao final da vida, no entanto para este tipo de projeto ser sustentável, tem de ser financiado pelas entidades competentes, sendo que, o 'Mais Contigo' só teve financiamento no primeiro ano, desde então os custos com o mesmo têm sido suportados pelas Irmãs Hospitaleiras – Unidade de Saúde da Sagrada Família, tendo em conta a conjuntura atual e sem financiamento, torna-se muito difícil dar continuidade ao projeto, estando o mesmo em risco", conclui com este alerta.